Quem precisa comer fora de casa no dia a dia em São Paulo está buscando opções mais baratas, e clientes que iam a restaurantes caros a lazer estão parando de frequentar os estabelecimentos. O diagnóstico é de especialistas e empresários do setor.
A situação não é uniforme. Enzo Donna, diretor da consultoria ECD, diz que, para entender o mercado de refeições, é preciso separá-lo em dois tipos.
Restaurante de São Paulo estão com receio de elevar preço
O primeiro é o dos restaurantes que atendem trabalhadores para o almoço. O segundo é de lugares onde gasta-se mais e aonde se vai para jantares especiais.
“No mercado da refeição ligada ao trabalho há migração de tíquetes altos para os de menor valor, como nas padarias, onde gasta-se, em média, R$ 14 para almoçar.”
Segundo Regina Henriques, 48, sócia da padaria Gêmel, na zona sul de São Paulo, o almoço representa 40% do faturamento do local.
Locais que servem por quilo e fast-food também foram beneficiados.
OUTRO AMBIENTE
Os restaurantes de refeições especiais vêm sofrendo mais, segundo Donna.
Marcel Gholmieh, 38, sócio dos restaurantes Hooters (que cobra ao menos R$ 30 por um hambúrguer) e Benihana, conta que os resultados deste ano estão aquém do esperado e que está segurando investimentos.
Representantes de entidades de empresários falam em crise. Segundo Joaquim Saraiva de Almeida, presidente da secção paulista da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes, o resultado do setor é muito atrelado ao PIB, que deve crescer 2,21%, segundo o último Boletim Focus, do Banco Central.
Edson Pinto, presidente do sindicato de hotéis e restaurantes de São Paulo, diz que, de 2012 para este ano a perda de faturamento foi de 15%.
Ambos apontam um conjunto de fatores que contribuiu para esses resultados: a intensificação na fiscalização de motoristas que bebem álcool, arrastões em restaurantes e até os protestos de rua.
Almeida diz que junho é tradicionalmente movimentado, mas o deste ano teve 20% menos clientes por causa doas manifestações. “As passeatas aconteceram à noite, causaram trânsito, as pessoas não sabiam o que aconteceria nas ruas. Os restaurantes fecharam as portas.”
A pizzaria Urca, que fica a uma quadra da avenida Paulista, fechou duas vezes, relata o gerente Artur Pessoa de Oliveira Neto, 44.
Ele afirma que não foi por causa disso que o movimento caiu, e sim devido ao medo de arrastões e da fiscalização intensa da Lei Seca.
“O salão está 20% menos movimentado e o ‘delivery’ aumentou 15% em relação ao ano passado”, diz. O problema é que o cliente que pede a pizza em casa gasta menos.
Para Donna, a saída para restaurantes não repassarem preços é diminuir o desperdício. “Há muita perda na cozinha. A cada quilo de carne, 200 gramas vão para o lixo.