Guilherme foi a campo três minutos depois de as luzes reacenderem no Estádio Independência na noite da última quarta-feira. No lugar do maior xodó da torcida atleticana, entrou justamente aquele que é visto com certo desdém pelos alvinegros. Pelo passado no Cruzeiro, em parte. Por que não vibra como a maioria, também.

Um sentimento que Guilherme conseguiu reverter com sete segundos de bola no pé. Assim, levou o Atlético-MG aos pênaltis para superar o Newell’s Old Boys e chegar, pela primeira vez na história, até uma final da Copa Libertadores.
Dados do Footstats mostram que Guilherme, herói improvável, teve exatamente sete segundos de bola no pé durante os 12 minutos que permaneceu em campo. Longe de ser querido pelos atleticanos, ao menos até a última noite, ele sabia que era preciso arriscar. Furar um bloqueio bem sucedido do atual campeão argentino. Guilherme não fez cruzamentos, faltas, não perdeu a bola e contribuiu com um desarme. Mas o mais importante: chutou.
Nos 12 minutos de participação em campo, ele se posicionou em condições de finalizar em dois momentos. No primeiro, dois minutos após sua entrada, bateu de esquerda para fora. No segundo, fez o que o Atlético-MG não parecia capaz. De direita, ajeitou a bola mal afastada por Mateo, e soltou o pé para vencer Guzmán.
Antes dele, só Bernard havia conseguido bater o goleiro do Newell’s Old Boys. Os dados do Footstats, além do poder de decisão de Guilherme, também expressam que o xodó da torcida atleticana comandou o Atlético-MG enquanto esteve em campo. Na base da técnica, mas principalmente da intensidade de seu jogo e superação. E há quem garanta que ele já está quase negociado com a Europa.
Logo atrás de Ronaldinho, Bernard foi responsável pelo maior número de cruzamentos (seis), foi o jogador do ataque com mais desarmes (três), foi o principal driblador (quatro fintas), um dos mais caçados (recebeu quatro faltas) e ainda aquele que mais finalizou (quatro conclusões, sendo duas no alvo).
Em um desses arremates, assistido por Ronaldinho, Bernard deixou o Atlético-MG em vantagem já com 3min de partida. Ainda haveria muito por vir. Pênaltis não marcados em Jô e Diego Tardelli, gol desperdiçado por Josué, um susto em contragolpe perigosíssimo do Newell’s, luzes apagadas, boas mexidas de Cuca e os pênaltis.
Victor, que tinha quatro defesas em 90 minutos de jogo, segundo o Footstats, ainda fez a quinta na frente de Maxi Rodríguez, no quinto pênalti batido pelos argentinos. Era o final feliz no penúltimo capítulo da vida atleticana na Copa Libertadores.