Um ano após comandar a Olimpíada de Londres, o prefeito Boris Johnson afirmou à Folha que o Brasil não deve se curvar ao pessimismo em relação à Rio 2016.
Ele disse que as autoridades devem “resistir” aos protestos contra os gastos de grandes eventos esportivos. Para Johnson, o desempenho da capital britânica mostrou que quem se opunha aos Jogos estava errado.
Conhecido pelo estilo debochado e com a popularidade turbinada pelos Jogos, ele se tornou o político mais popular do Reino Unido e é cotado para suceder o primeiro-ministro David Cameron.
Folha – Um dos principais motivos da onda de protestos no Brasil é o gasto elevado com a organização da Copa e da Olimpíada. O sr. comandou Jogos que custaram £ 9 bilhões (cerca de R$ 31 bilhões). O que pensa disso?
Boris Johnson – Não cabe a mim fazer comentários sobre a política brasileira. Mas, pela minha experiência, posso dizer algo que pode ser útil a quem está organizando os Jogos. Não podem se curvar aos céticos, aos pessimistas.
Não se rendam a quem demonstra atitude hostil contra os Jogos. Estávamos cheios deles em Londres, e provou-se que eles estavam errados. Tenho certeza de que o Brasil vai provar o mesmo.
Números que o sr. apresenta ao falar do legado positivo têm sido questionados…
Não por mim.
…por críticos. Um exemplo é o Westfield Stratford [megashopping vizinho ao Parque Olímpico]. Dizem que ele seria construído de qualquer jeito.
Isso é besteira! Não é verdade! Aquele shopping não teria acontecido [sem a Olimpíada]. Quando uma cidade faz um grande sucesso, produz uma atmosfera de confiança. Muitos investimentos estavam parados há décadas.
O dinheiro está entrando em Londres de uma forma que a gente não via há muito tempo. Não posso provar cada decisão de investimento se deve aos Jogos. Mas posso dizer que parte se deve a eles.
Há um clima geral de confiança. Você não pode negar a recuperação econômica fenomenal do leste de Londres. Isso atrai os investimentos.
O sr. foi acusado de usar os Jogos para se promover. Muitos temem que os políticos brasileiros façam o mesmo.
Nunca sonharia em tirar vantagem das grandes glórias nacionais no esporte [risos]. Não sonharia em fazer isso neste ano. Fiz em 2012.
O que o Rio pode aprender com Londres?
Não quero dar lições. Mas tem que envolver muito o setor privado, trazê-lo para o lado do setor público. Tem que ter muito tempo para planejar e zelar para que cada instalação tenha uso após os Jogos. Estou certo de que já estão fazendo tudo isso.
Justin Tallis – 23.mai.2013/AFP | ||
Boris Johnson, prefeito de Londres, anda em frente de policial |