Em 25 de agosto de 1961, há 52 anos, Brasília vivia um tremendo alvoroço. Com menos de 8 meses de mandato, Jânio da Silva Quadros renunciava à presidência da República. Os motivos da intempestiva saída até hoje não foram explicados de forma convincente. Após proibir que as mulheres usassem biquíni, conferir comenda ao guerrilheiro Ernesto Che Guevara, vetar as rinhas de galo e outras esquisitices, deixou o Palácio do Planalto.
Vida palaciana
Na curta estada na capital federal, produziu muito pouco. Mas alimentou um rico folclore em torno de sua figura. Comentam que, isolado no Alvorada, passava horas e horas no cinema da residência oficial. E que os filmes eram vistos pelo ilustre espectador que sempre sorvendo generosas doses de um legítimo uísque escocês. Algumas historinhas ou “estorinhas”, envolvendo o marido de Eloá e pai da Tutu, seguem abaixo.
De bate-pronto
Jânio participava de um debate, antes do pleito para a presidência da República. Ele passava um verdadeiro sermão em outro candidato que teria dito: “Pode falar, suas mentiras entram por um ouvido e saem por outro”. Teatralmente, Jânio bradou: “O som não se propaga no vácuo”.
Na Inglaterra
Cassado, na primeira lista do golpe de 64, Jânio passou longos períodos no exterior, sobretudo na sua Londres querida. Tinha horror de encontrar brasileiro. Estava caminhando na rua com a filha Tutu e o assessor Ruy Nogueira Neto, um eleitor brasileiro o viu: – Presidente, o senhor sabe quem sou eu? Jânio ficou com ódio, arregalou os olhos : – Ora, meu caro, se você, que é você, não sabe quem você é, logo eu é que teria de sabê-lo?
Bom conselheiro
No velório de Jânio (1992), apareceu um homem aos prantos. Jurava que, muitos anos atrás, estava no alto de um prédio disposto a se matar quando Jânio, então um jovem vereador, gritou: “Não faça bobagem.” Ele explicou que ia pular porque a esposa o traíra. Jânio dissuadiu o suicida: “O que tua mulher te arrumou foi um par de chifres, não um par de asas. Desça daí já!”
Teatral, como sempre
Ao ser empossado na prefeitura de São Paulo pela segunda vez, antes de sentar-se na cadeira de seu gabinete desinfetou com álcool o assento da cadeira que – dias antes – havia sido ocupada pelo então candidato Fernando Henrique Cardoso, para a realização de uma matéria jornalística. E justificou: – desinfeto porque nádegas indevidas sentaram nela.
O homem errado
Usineiros de Pernambuco foram se avistar com Jânio, acompanhados de Catete Pinheiro, ministro da Saúde. E Jânio: “Muito bem, dr. Catete, o que há com a diabete?” Catete: “Não se trata de diabete, os usineiros desejam apresentar reivindicações”. O presidente rebateu: “Não entendo, dr. Catete. Usineiro de açúcar trazido pelo titular da Saúde deve ser para tratar de problemas diabéticos. Quando desejarem cuidar de assuntos agrícolas virão com o dr. Romero Cabral”, ministro da Agricultura. Houve corre-corre em Brasília para demover Catete de pedir demissão.
Vale tudo
Atenção, são-paulino. Hoje nossa gloriosa agremiação enfrenta o Fluminense. Para trocar por um ingresso, a diretoria aceita bilhete de loteria vencido, pôster do Maluf ou o livro de poesias do Sarney.