Na década de 30, num contexto dominado pela ditadura de Getúlio Vargas por meio do denominado Estado Novo, Gustavo Capanema, então Ministro da Educação e da Saúde (MÊS), deu início a um projeto editorial ambicioso, neste caso, denominado de “Obra Getuliana”.
Tal projeto editorial tinha como objetivo principal à exaltação do governo de Getúlio Vargas e suas conquistas durante um período de 10 anos, desta forma, o ministro Capanema vislumbrava quase um Olimpo para as festividades comemorativas do governo sob o comando getulista, desta forma, nada mais adequado do que denominar tal projeto como uma “Obra Getuliana”.
O contexto patrocinado pelos desmandos do Estado Novo por meio dos demais órgãos de controle, tais como o DIP-Departamento de Imprensa e Propaganda, também, com o apoio dos demais ministérios neste projeto editorial de fundamentação específica e explicita pela proposta apresentada em forma de proposta editorial na área da comunicação fotográfica, destoa do contexto gráfico da época.
Podem-se levar em consideração várias propostas para um mesmo projeto editorial, neste caso específico, a “Obra Getuliana” de autoria do ministro Capanema tem características inovadoras e marcantes para a época, tendo em vista a estrutura física do parque gráfico brasileiro na década de 30.
A proposta deste projeto tem como objetivo desenvolver a mensagem fotográfica como pauta principal da “Obra Getuliana”, tendo como apoio editorial os textos de forma adequada às fotografias, ainda, obedecendo a uma disponibilidade com visibilidade para cada editoria, ou seja, ministério focado mediante um certo número de fotos para cada página da obra.
Percebe-se a preocupação do editor da obra em detalhar os aspectos gráficos, bem como, editorial e fotográfico da disposição das fotos como meio deste processo comunicacional, portanto, Capanema buscava uma proposta de acordo com a dimensão das realizações do Governo Getúlio Vargas.
Para o desenvolvimento deste projeto, Capanema montou uma equipe com especialistas em várias áreas, tendo a preocupação com os detalhes na orientação da linha editorial que deveria ser seguida de acordo com suas orientações como editor da “Obra Getuliana”, para isso, escreveu as orientações de acordo com a sua visão editorial para uma obra grandiosa na perspectiva da produção gráfica, utilizando critérios técnicos conforme o desenvolvimento do projeto e assessores convocados para fazer parte da sua equipe de campo.
Ressalta-se a importância que a fotografia teve no projeto editorial de Capanema, também, neste caso, estava em curso às propostas do Estado Novo em áreas afins aos objetivos da construção teórica e prática da “Obra Getuliana”, desta forma, era necessário montar a estrutura física e profissional de acordo com a visão do criador da obra para com a sua mensagem além das imposições técnicas daquele período ditatorial dos anos Vargas.
A identificação do Governo Vargas com a nação naquele período assumiu uma importância fundamental para que o projeto de Capanema continuasse a gerar novas alternativas para o desenvolvimento de uma propaganda estatal por meio de um projeto desta magnitude editorial, gráfica e fotográfica.
As propostas visando dar continuidade ao projeto foram assimiladas pela equipe montada por Capanema, neste caso, a edição sempre esteve nas mãos do mesmo para que o toque de Midas assumisse o comando integral da “Obra Getuliana”, pode-se afirmar que, Capanema usou dos meios disponíveis na época para que a produção fosse de acordo com o planejamento editorial/gráfico de sua autoria.
Os detalhes presentes na proposta original da “Obra getuliana” demonstram, ainda hoje, técnicas modernas para um trabalho deste porte, haja vista o delineamento dos contornos na diagramação e “layout” do projeto em pauta, portanto, a utilização e a disposição das fotografias nas páginas do livro assumem posições de acordo com as indicações das publicações recentes para projetos deste nível.
A construção da “Obra Getuliana” sob o comando do Ministro Gustavo Capanema, porém, ainda não foi possível determinar quem seria o autor desta obra complexa, mesmo assim, registra-se o comando de Capanema na viabilidade e responsabilidade de conduzir o projeto de acordo com as propostas governamentais e das políticas públicas de Getúlio Vagas durante o período estipulado para compor a “Obra Getuliana”.
*jornalista e coordenador dos cursos de Jornalismo e Publicidade & Propaganda da FACCAT/Tupã.