Esta frase, como todos sabem, é de Joana Havelange, filha do ex-presidente da CBF Ricardo Teixeira e neta do ex-presidente da Fifa João Havelange. Não exatamente dela, mas um texto de autoria do jornalista e profissional de marketing Thiago Falcão, com o qual Joana deve concordar, uma vez que o postou em seu Instagram. Uma crítica às manifestações recentes contra a Copa por todo o País e mais do que isso, a triste sentença de que a corrupção existe e deve ser aceita no Brasil. Não adianta protestar.
Diretora do Comitê Organizador Local (COL) da Copa do Mundo no Brasil, Joana Havelange, 33 anos, é formada em administração, com pós-graduação em marketing e ex-jogadora profissional de basquete nos Estados Unidos. É ainda fluente em inglês, francês e espanhol. E é de conhecimento de todos que um dirigente do COL recebe R$ 80 mil por mês mais prêmios. Um perfil que faz de Joana uma princesa do futebol brasileiro. Logo ela, parente de duas figuras envolvidas em denúncias de corrupção: seu pai e avô.
Pai esse que completou 25 anos como presidente da CBF e 16 anos do avô na Confederação Brasileira de Desportos, a CBD. Todos, ao lado de autoridades federais, estaduais e municipais, divulgavam o evento como a solução dos problemas brasileiros. Afinal, segundo suas promessas, o País seria outro depois da Copa. Teríamos um legado histórico incomparável nas áreas de infraestrutura, esportiva e de mobilidade, assim como turismo e segurança; sem falar no Pibão e nos milhões de novos empregos. E o melhor: tudo isso sem usar dinheiro público.
Não faltou quem tentasse abrir os olhos da sociedade e alertar (eu fui um deles) sobre os riscos de promover um evento de tamanha magnitude como a Copa sob o comando de um grupo restrito a parentes e amigos de Ricardo Teixeira, cuja história na CBF era publicamente reconhecida por malfeitos, desmandos e corrupção. Lula no auge de sua popularidade e inebriado por ela, deu carta branca ao cartola-mor do Brasil; apostou (Dilma ainda aposta) ser glorificado na realização da 
“Copa das Copas”.
Hoje sabemos a realidade: não adianta nem protestar, pois o que tinha que ser roubado já foi. Das obras prometidas, muitas sequer saíram do papel e outras tantas não ficarão prontas a tempo, apesar dos custos superfaturados, bancados sim com dinheiro público. Com custo total de R$ 25,6 bi, essa Copa ficará para a história do Mundial como a mais cara e que mais lucros dará à FIFA. O que nos resta é torcer pela seleção.
Mas existe esperança, Ricardo Teixeira e João Havelange já começaram a pagar por seus crimes. Ambos precisaram renunciar a seus cargos na CBF, FIFA e COI para se livrarem da justiça. Sim, se livraram da justiça, mas não comandam mais o futebol brasileiro nem poderão mais se beneficiar por meio da corrupção do esporte.
Enquanto isso, outros protagonistas desse reino em queda, como Lula, Ronaldo, Dilma, Jérôme Valcke e Aldo Rabelo atiram para todos os lados, até uns nos outros, na tentativa de se livrar da responsabilidade e apontar outros culpados pelo fracasso do sonho que prometeram e não conseguirão entregar ao povo brasileiro.
Não aprendemos a lição com os erros na organização e nos custos dos Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro em 2006, quando o governo federal bancou R$ 1,8 bi dos 3,7 bi gastos na preparação da competição. Segundo o Tribunal de Contas da União (TCU), os problemas foram às falhas no processo de organização que acarretaram o aumento exagerado nos custos com o evento. Faltas que repetimos na organização da Copa de 2014.
Daqui a dois anos, sediaremos os Jogos Olímpicos. E já existem rumores de que o COI estaria em busca de outro país para sediar a competição, diante dos atrasos nos preparativos, que, claro, estão seguindo o mesmo modelo do Pan e da Copa. O dito padrão Brasil. Um padrão que se repete devido aos homens e mulheres despreparadas a quem está entregue o comando do Brasil.
Agora só resta torcer. Pela seleção e nosso País, para que dê tudo certo. E mais do que torcer, votar corretamente para que a impunidade e corrupção do padrão “O que tinha que ser roubado já foi”, deixe de existir.
*Um dos fundadores do PSDB, está em seu 5º mandato como deputado federal pelo partido