Costumamos culpar os “amigos” do nosso filho quando descobrimos que este está bebendo demais ou fazendo uso de outras drogas, mas esquecemos de perguntar  porque ele se aproximou deste grupo de jovens.

Os pais sempre tentam se justificar, eximindo-se de responsabilidade ou em outro oposto, sentindo-se completamente culpados. O problema, é que de ambas as maneiras, o problema continua sem solução alguma.
Na maioria dos casos, o que realmente existe é uma auto estima extremamente rebaixada, fazendo com que o jovem se sinta deslocado em seu próprio lar; incompreendido ou simplesmente ignorado. Pode tratar-se de um sentimento experimentado à muito tempo por parte do jovem e que não necessariamente é real dentro do lar, mas é real para ele.
Não havendo diálogo e insistência em manter a família unida por alguns momentos em determinado período do dia para saber como cada um se sente, o que pensa ou quais os problemas que acredita ter e como os resolveu – mesmo que contrariado, a princípio -, as fantasias criadas pelo jovem poderão permanecer e se cristalizar através dos comportamentos tidos como de autoproteção (agressividade, rebeldia, isolamento…), fazendo então com que o jovem inicie a aproximação com grupos de jovens que se sobressaem aos demais jovens, mesmo que de maneira “negativa”, dando uma falsa sensação ( ilusão) de poder e liberdade.
Na maioria das vezes, através do consumo de álcool e outras drogas que fazem a realidade se distorcer ainda mais, desviando a atenção de suas próprias dificuldades, deixando de desenvolver habilidades para superá-las, mantendo-se imaturo por longo período, caso este ciclo não seja quebrado.
A trama criada pelo jovem e seu manejo são tão elaboradas e dissociadas com o problema original, que muitas vezes passam despercebidas ao olhar leigo, havendo a necessidade de um profissional gabaritado para intervir junto à família, para promover o restabelecimento da saúde no lar.

*Psicóloga – Psicoterapeuta
Psicanalista- Membro da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo