Quando a presidente Dilma afirmou, durante a campanha, que estava combatendo com firmeza a corrupção, muitos duvidaram. Porém, desde março a polícia federal, com plena autorização da presidente, fazia varredura em empresas que desfrutavam de imensas verbas oficiais, dentre elas, a Petrobrás. A empresa foi escolhida porque desde o advento do pré-sal ela tem sido alvo das maiores verbas oficiais e, como não podia deixar de ser, alvo também da bandidagem existente.
Agora, em sua sétima fase, a chamada operação “lava-jato” chegou a um ponto inédito que é a devassa de documentos e a prisão de vários executivos de algumas das maiores empreiteiras nacionais. Quem diria que figurões da Camargo Correia, Odebrecht, OAS, Mendes Júnior e outras do mesmo porte iriam um dia ser visitadas pela polícia federal e ter seus executivos levados à prisão para formalização de inquérito policial.
Operadores dessas empresas são considerados personagens muito importantes no mundo dos negócios e, através deles, pode se chegar, ainda, aos controladores, que são o verdadeiro alvo da polícia federal e do governo. É só esses executivos, para se livrarem, entregarem os mandantes.
Isso faz lembrar a “operação mãos limpas” na Itália, quando uma investigação de grande envergadura se dispôs a esclarecer casos de corrupção durante a década de 1990 que envolvia a Máfia, o Banco do Vaticano e uma série de partidos políticos que gravitavam no seu entorno para obtenção de lucros fáceis. A Operação Mãos Limpas levou ao fim da chamada Primeira República Italiana e ao desaparecimento de muitos partidos políticos.
Lá, alguns políticos e industriais cometeram suicídio quando os seus crimes foram descobertos. Um desses políticos, antes de se suicidar, disse que “os partidos políticos, na Itália, são como máquinas caça-níqueis”. Isso lembra muito essa profusão de partidos no Brasil, quase sem nenhuma representação, visando apenas o dinheiro do fundo partidário e a venda de seus segundos na televisão aos partidos maiores, esses com alguma chance de ser eleitos.
Está havendo uma disposição global de acabar com a corrupção na vida pública, desbaratando com quadrilhas de corruptos e corruptores que, fazendo-se de honestos, infiltram-se nos governos, nas empresas e ali formam ninhos de gatunagem.
Esses personagens que infestam os órgãos públicos existem desde sempre e quase nunca foram incomodados por governo nenhum. Fazem-se de santos, de honestos e amigos até serem nomeados para cargos chaves e ali formam quistos de bandidagem a serviço de grandes empresas.
Felizmente, a presidente Dilma não compactua, de modo nenhum, com esses procedimentos e apoia todo tipo de desmonte de quadrilhas que tem sido feito pela polícia federal ou qualquer outra instituição preparada para isso. Não se tem mais engavetadores de processo e o judiciário está livre para limpar o país desse tipo de erva daninha que se infiltra como amigo e depois solapa os alicerces da administração pública.
Mas esse tipo de limpeza ética não é fácil! Se essas empresas não colaborarem com o governo, além de atrapalharem os projetos da Petrobras, colocariam em risco também obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), já que quase todas as empreiteiras pegas na “Lava Jato” prestam serviços essenciais no programa. São elas que constroem as grandes obras, como usinas hidrelétricas, refinarias, instalações portuárias, estradas de ferro e rodagem, enfim, é briga de “cachorro grande”.
De vez em quando, há algum escândalo financeiro e se põe em evidência ou se prende algum corrupto, porém prender corruptor de tamanha importância e poderio econômico é a primeira vez. A queda de braço não vai ser coisa de amador e a presidente terá que receber muito apoio para que possa impor o direito e a legalidade e não sucumbir às artimanhas que virão.

Até quarta-feira
– Dracena-
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