Apesar das grandes deficiências da nossa educação, o talento de jovens ultrapassa as fronteiras e desperta atenção internacional em alguns setores. Recentemente, a Universidade de Harvard, nos Estados Unidos – considerada a segunda melhor do mundo, de acordo com o ranking da Times Higher Education – selecionou duas estudantes brasileiras do ensino médio para o Village to Raise Child – programa criado pelos alunos da universidade para incentivar projetos inovadores identificados sob a égide de empreendedorismo social. Ao lado de mais três estudantes do Nepal, Sri Lanka e Filipinas, elas foram selecionadas entre 80 autores de projetos.
Georgia da Silva Sampaio, de Feira de Santana (BA), pesquisou a criação de um método para o diagnóstico da endometriose por exame de sangue. O método causaria um impacto positivo, já que a doença, que acomete milhares de mulheres, aparece apenas no exame de ultrassonografia, com diagnóstico bastante demorado, aumentando os riscos da ampliação da enfermidade. Ela começou a desenvolver a pesquisa após sua tia ter sido diagnosticada com a doença e precisar extrair o útero. Pela importância do tema, o projeto poderia ser utilizado, sem maiores problemas, nos serviços públicos de saúde.
No caso da estudante Raíssa Muller, de Novo Hamburgo (RS), aluna do curso técnico de química, ela criou uma espécie de esponja que absorve o óleo e repele a água, o que pode contribuir enormemente em casos de acidentes de derramamentos de óleo no mar, ou até mesmo em casa, no recolhimento do óleo de cozinha para reciclagem.
E o sucesso internacional não para por aí. A estudante de arquitetura Stefanie Tuck Schneider foi premiada no workshop organizado pela Future Cities Project e pelo site britânico Architectural Rewie que selecionou três trabalhos entre 163 inscritos. A brasileira defende que a boa arquitetura tem de ter poesia ao mesmo tempo em que cumpre requisitos de complexidade e de forma.
Exemplos como esses demonstram que os jovens brasileiros sabem driblar as dificuldades, como um hábil Neymar, e podem, efetivamente, se destacar no competitivo cenário internacional.
 
*presidente Executivo do Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE), da Academia Paulista de História (APH) e diretor da Fiesp.