A comunicação oral foi o grande motivo para os seres humanos evoluírem. Depois, com a escrita chegaram onde se encontram hoje. Mas, ao que tudo indica, está havendo uma paralisação nessa evolução, senão um retrocesso.
Com a invenção e propagação do celular, os jovens, e outros nem tão jovens, evitam falar e só se comunicam com mensagens via celular. Palavras iniciadas pela pessoa e terminadas automaticamente pelo aparelho facilitam esse tipo de comunicação que, cada vez menos, exige raciocínio lógico do usuário.
E o uso indiscriminado do aparelhinho ocupa cada vez maior espaço, impedindo uma conversa sadia entre pessoas, uma vez que as mensagens de celular, não transmitem a emoção, os sentimentos das pessoas. É tudo muito mecânico, frio, distante. O tom, o timbre da voz, a entonação e a expressão corporal, às vezes, dizem muito mais que as próprias palavras e isso uma mensagem via celular não transmite.
Existe coisa melhor que uma conversa franca, amigável, onde os sentimentos afloram e a proximidade, os olhares e o toque transmitem sensações que falam mais que qualquer discurso bem elaborado? Tanto que quando num relacionamento falta esse tipo de conversa “cara a cara” o sentimento se esvai e as pessoas se transformam em estranhos. Os sentimentos vão morrendo porque quem dá vida a eles é o diálogo franco, pessoal, falado pelas palavras, pelos olhares, pelas sensações.
As mensagens por celular não proporcionam nada disso. São conversas frias, isoladas, sem carinho. E um grande contingente de jovens já não sabe se comunicar sem isso. É perigosamente comum se encontrar mocinhas ou rapazes em grupos onde ninguém fala, mas se comunicam apenas por esse tipo de mensagem. Esse auto-isolamento pode não acabar bem!
Tal mutismo também se reflete nas festas. Em todas elas há música tocada tão alto que é impossível qualquer tipo de conversa. As pessoas ficam três, quatro horas imersas num barulho ensurdecedor sem poder trocar um pensamento com ninguém. Além da insuportável altura do som, para incomodar mais as pessoas é comum colocarem jogos de luzes que agridem os olhos de quem está presente.
Há quem diga que isso é festa! Receber agressões sonoras e luminosas, impedindo as pessoas de trocar ideias ou até mesmo cumprimentar amigos. Há algum tempo, quando conversar estava na moda, era prazeroso ir a uma festa, encontrar amigos, conversar sobre os últimos acontecimentos. Havia até amigos que só se encontravam nas festas. Tinha os “pés de valsa”, aqueles que dançavam bem e com frequência.
Depois de tanta evolução, parece que a humanidade encontrou um meio eficaz de involuir, de regredir, de se manifestar por resmungos, de não compartilhar alegrias, pensamentos, de não interagir com as outras pessoas que dividem o mesmo ambiente.
Ninguém nega que a telefonia celular foi um grande passo para a melhora da comunicação, mas a juventude a recebeu em uma hora em que os pais, de modo geral, estão tendo uma fraca ascensão sobre os filhos, de maneira que o que poderia ser muito positivo está se tornando bastante negativo. Talvez isso seja resultado dessa falta de diálogo entre as pessoas, entre os familiares.
Ainda não há nada que substitua uma boa conversa “olho no olho”!
Até quarta-feira

– Dracena-
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