Essa geração em cadeia pode trazer uma recessão a  curto prazo. Todos os indícios nos levam a isto. Ainda não se sabe quando e nem em qual proporção, mas as pesquisas e projeções comprovam: em 12 anos com bons níveis de empregabilidade, a média de pessoas empregadas no país já caiu em 2014, segundo o IBGE, e que deve permanecer em queda este ano.

Ainda conforme a Pesquisa Mensal de Emprego do IBGE, divulgada no final de janeiro, essa diminuição no número de pessoas empregadas foi de 0,1% em relação a 2013, fato que já nos mostra que as empresas estão fechando vagas aos poucos.
Grandes setores, como as montadoras automotivas, por exemplo, já encaram demissões coletivas, resultado da queda das vendas e exportações, segundo a Fiesp, Federação das Indústrias do Estado de São Paulo. As montadoras já foram responsáveis pelo fechamento de 23 mil vagas, apenas em 2014. E para piorar, as previsões não são positivas, já que com a baixa nas vendas e o elevado custo de produção a situação não parece ter como melhorar nos próximos meses.
Não só a indústria automotiva está sendo afetada, mas também as farmacêuticas, têxtil e metalúrgicas trazem previsões desanimadoras, já que existe uma grande possibilidade do cenário piorar, caso haja, realmente, um racionamento de recursos como água e energia elétrica. Além disso, outras 128 mil vagas de emprego foram perdidas na indústria de transformação.
Preocupação também com a indústria petroquímica, que há alguns anos era considerada uma área promissora para uma carreira estável, enfrenta um momento incerto devido à queda do petróleo e crise que abalou a estrutura da Petrobrás.
Dezenas de postos de trabalho são fechados a cada plataforma de petróleo que se desloca para o exterior e só na região de Macaé, Norte do Brasil, o Sindicato dos Trabalhados Offshore, estima-se que  cerca de duas mil demissões já tenham sido homologadas nos últimos seis meses. Esse sindicato  representa os empregados das empresas privadas/terceirizadas que prestam  serviços nas plataformas de petróleo em alto mar, bem como nas atividades fins e meio nas bases de apoio e unidades operacionais.
Alerta também para os profissionais da construção civil, já que a cada dia tem grande redução nos investimentos de infraestrutura, devido à Operação Lava Jato – em que grandes construtoras envolvidas perderam o crédito nesse escândalo – além da queda na taxa de investimento na economia.
O fechamento de vagas de trabalho está diretamente ligado às medidas provisórias do Governo Federal para conter a inflação: aumento da Selic, aumento de tributos sobre combustíveis, importados e operações de crédito. Porém, desacelerar o crescimento do país e elevar o índice de desemprego não pode ser o resultado pago para conter a inflação. Mas, infelizmente, o caminho que começou a ser traçado está nos levando para este fim.  Resta saber quando e quantos irão pagar esta conta!

*especialista em direito financeiro, presidente da Comissão de Direito Bancário do Instituto dos Advogados de Santa Catarina e presidente do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor Bancário.