Conforme o tempo passa, novos costumes se instalam na sociedade. Uns interessantes, outros, nem tanto. Um costume que hipnotiza muita gente, principalmente a moçada, é o hábito de ver e enviar mensagens pelo celular. Às vezes, colegas se encontram, formam rodinhas de bate-papo, mas não conversam entre si e sim com pessoas que estão longe fazendo o mesmo serviço, isto é, conversando através do celular.
É sadio, não é sadio, o resultado virá mais à frente. Escrever, já não sabem. Expressam-se através de uma grafia sintética, abreviaturas irregulares que, muitas vezes, não são entendidas por ninguém. E assim seguem solitários, com seus aparelhinhos inseparáveis.
Mas a tecnologia da solidão não se resume apenas aos aficionados pelo celular, aos mocinhos e mocinhas que se encantam com o facebook ou o whatsapp, onde uns querem demonstrar mais sabedoria que os outros e acabam por deixar evidente que, muitas vezes, não entendem nada do que estão postando. “Tenho medo de quem escreve mais do que lê”, já dizia Humberto de Campos.
Mas, se para a meninada a tecnologia pode distrair e até prejudicar, para as pessoas de mais idade, carregadas de problemas, muitas vezes insolúveis, as novas tecnologias são a válvula de escape para uma existência suportável. Pessoas descontentes com o tipo de vida que levam e que, se fosse em épocas antigas, se dedicariam a se preocupar com a vida de vizinhos e conhecidos, hoje assistem novelas. Seguem as peripécias vividas por seus personagens e, enquanto torcem pelos romances, que bem poderiam ser seus, o tempo passa sem maiores aborrecimentos.
Espantam a solidão com música, aquela bem romântica que fala de grandes amores, de muito carinho, que faz com que a pessoa se sinta amada, muito embora ela saiba que está só, mas chega a ter a sensação de que a felicidade cantada na música é a sua. Com isso, os cantores sertanejos se multiplicam, levando alegria a muitos corações e milhões de reais para suas contas bancárias.
Deste modo, os heróis nacionais deixaram de ser os guerreiros que arriscam suas vidas nas lutas, os diplomatas, que resolvem intrincados problemas internacionais, os políticos, que envelhecem a olhos vistos tentando melhorar a vida da população, os grandes juristas e seus pareceres sobre intrincados problemas, os romancistas e suas maravilhosas histórias, os cientistas, enfim, os que sempre estiveram na lista das grandes personalidades.
Hoje, o herói é o cantor, que faz a multidão sonhar; é o artista, que distrai o cidadão da vida sem graça que leva, é o apresentador de telejornais, que leva notícias, geralmente ruins, e passa a ser referência nas conversas; é o apresentador de programas de auditório, com suas bailarinas, que fazem muito marmanjo sonhar acordado e que ilustra seus quadros com as músicas que levam os ouvintes e os telespectadores a sonhar sonhos que preencham o vazio da sua vida.
E, assim, tanto a moçada quanto os adultos mergulham na superfície da vida, uma vez que na profundidade dela nem sempre encontram felicidade.

Até quarta-feira
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-Dracena-