Quero tratar dos desafios da educação de hoje e do futuro. Agora, a batalha que temos pela frente é buscar novos caminhos para o Ensino Fundamental, Médio e Superior. E, com isso, abrir possibilidades para uma maior eficiência da arte de ensinar.
O melhor modo de aprender a ensinar vem sendo estudado há anos e ainda promove inúmeras discussões. Todo ser humano nasce com potencial para a aprendizagem. Ninguém é desprovido dessa capacidade. Seja criança, jovem, adulto ou um sexagenário. Todos nós adquirimos saberes; desenvolvemos competências e mudamos de comportamento em qualquer idade ou tempo.
A aprendizagem é usualmente dividida em mecânica e significativa. A mecânica é compreendida como a atividade em que o estudante memoriza as informações em forma de dados desconectados e desprovidos de grandes significados.
Na significativa, novos conceitos são interligados a outros já existentes na estrutura cognitiva do aprendiz de maneira substantiva. A aprendizagem significativa torna o aluno mais confiante e ágil no aprendizado. Valoriza o aluno como sujeito do processo.
Na interação com o ambiente físico e social, nosso conhecimento sofre um processo de contínua elaboração e reelaboração. Algumas pessoas possuem maior facilidade de aprendizado adotando determinados procedimentos. Já outros se sentirão mais confortáveis estudando a mesma coisa de maneira diferente.
A experiência do professor é importante e eficaz na escolha do tipo de abordagem a ser usada. As novas tecnologias: computadores, notebooks, tablets, lousas eletrônicas, jogos interativos, podcasts e aplicativos seduzem gestores e educadores como se fossem solução para os velhos problemas da educação.
Não há como substituir o professor que, no presente ou no futuro, continuará sendo o protagonista da aprendizagem. No lugar de substituído, deve ser valorizado. Com as novas tecnologias, sua função muda, mas para tornar-se mais importante.
A aprendizagem engloba várias questões e condições básicas: a motivação, o interesse, a habilidade de compartilhar experiências e a de interagir com os diferentes contextos são algumas delas. Assim, o desafio dos educadores é despertar motivos para a aprendizagem, tornar as aulas interessantes, trabalhar com conteúdos relevantes para que possam ser compartilhados em experiências extraescolares.
É importante também fazer da sala de aula um ambiente estimulante. Para tanto, é necessário entender quem são os alunos, seus sonhos, aspirações e, assim, conseguir planejar atividades em que eles se sintam motivados a participarem das aulas.
O papel do professor é de enorme importância. Sua missão é criar um ambiente que seja propício à assimilação do saber, servindo de facilitador no processo de ensino e aprendizado.
A aprendizagem significativa pode ser a condição essencial para alcançar esse objetivo, garantindo ao aluno a versatilidade de agir autonomamente em diferentes contextos. O desafio é buscar constantemente novos caminhos, abrindo possibilidades para uma maior eficiência na arte de ensinar.
Para conseguir isso, é importante ser capaz de gerar progressos pessoais e sociais para os alunos. A missão do professor é preparar os alunos para serem independentes e superarem seus desafios como seres humanos e cidadãos.
Acredito que a educação do futuro vai exigir a criação de uma escola que seja interessante, desafiadora, acolhedora e significativa para o aluno. Essa escola terá de ser capaz de superar o cenário tenso, de desinteresse e de desencanto tanto pela escola como pelo aprendizado escolar, que hoje caracteriza as escolas do nosso país.
Desde a Revolução Francesa, o Estado foi escolhido como gestor de uma política escolar voltada a diminuir drasticamente a desigualdade educacional. Sem igualdade de acesso à educação, diziam, não haveria nunca igualdade de direitos e, sem esta, não poderia existir democracia.
Foi aquele projeto de escola pública laica, obrigatória e gratuita que, inicialmente a serviço do acesso da burguesia ao poder político, propiciou a filhos de operários e de camponeses a aquisição de uma instrução básica que valorizou sua força de trabalho e eliminou o trabalho infantil forçado.
O Brasil copiou esse modelo francês por mais de um século. Nos anos 1960, a rede estatal, pressionada para superar seu elitismo e atender todas as classes sociais, viu-se diante de dois genuínos desafios públicos: fomentar o convívio na diversidade e combater a evasão.
Hoje, passadas mais de cinco décadas, a rede estatal ainda não superou esses desafios. Mas é ela que acolherá os repetentes e os inadimplentes da rede privada. Estes, em contingente que cresce em progressão geométrica.
É ela que terá de educar os pobres, também cada vez mais numerosos. A escola pública terá de ser a educadora do Brasil. O que pergunto: Como ser um educador do futuro se não conseguimos dar conta do que é essencial no presente? O debate está aberto!
 

*especialista em Enem, diretor do Cursinho da Poli e presidente da Fundação PoliSaber de São Paulo.