Nos primórdios do Mercado Financeiro, um dos principais problemas que os investidores enfrentavam era a escassez de informações. Em uma época que o mercado sequer tinha ouvido falar em Governança Corporativa e internet ainda era um sonho distante, obter informações sobre empresas, dados macroeconômicos e estratégias de investimento era um verdadeiro martírio. 

Atualmente, vivemos o extremo oposto: temos informações sobre tudo e em excesso. Obviamente, o cenário atual é muito melhor para os investidores. Não pelo excesso ser melhor que a escassez, mas pelo fato de que ao contrário do que ocorria no início da Bolsa de Valores, agora temos a opção de escolher quais informações queremos obter e em que quantidade.
Infelizmente, a maioria dos investidores não sabe usar corretamente os dados disponíveis. Em geral, eles costumam cometer dois erros: ou ignoram os dados completamente e escolhem voltar à Época das Cavernas do mercado; ou eles querem fazer uso de todas as informações disponíveis, o que é praticamente impossível, pelo menos para um ser humano. Ou seja, os investidores ou usam informação demais ou não usam informação nenhuma.
Como diria o velho adágio budista: “a virtude está no caminho do meio”. Em se tratando de investir nosso dinheiro, podemos comprovar essa teoria facilmente!
Veja, se abdicamos completamente de qualquer tipo de informação, estamos dando um tiro no escuro e transformando o investimento em Bolsa de Valores – ou outro investimento qualquer – em mera jogatina! Não é a toa que tantas pessoas associam Bolsa a Cassino. Para um apostador, até o mais sólido dos investimentos se transforma em jogo!
Vejamos agora o outro lado, o dos investidores que colhem e analisam todas as informações disponíveis. Informação é importante, mas informação em excesso pode paralisar e confundir o investidor. Isso acontece por um motivo bem simples: quanto maior o número de dados você analisar, maior se torna a probabilidade deles darem sinais contraditórios.
Apesar de se basear em números, o mundo das finanças está longe de ser uma ciência exata. Você pode, por exemplo, a partir de uma determinada análise, descobrir que a empresa XYZ possui excelentes fundamentos econômicos, ou seja, é uma empresa bem gerida, obtém lucros consistentes, tem um nível de endividamento baixo, etc.
A partir dessa análise pra lá de favorável, você decide investir na empresa. Mas, antes de fazê-lo, você resolve analisar o gráfico da ação e percebe que ela possui uma tendência de queda no curto prazo. O que você faz? Nada! Não investe! Fica parado! E esse é o principal risco de quem analisa “demais”: não consegue chegar à conclusão alguma. Simplesmente porque a todo momento, sempre existirão dados favoráveis e desfavoráveis, independente de qual seja a empresa na qual você pretende investir.
Portanto, a melhor maneira de investir seu dinheiro de maneira segura é definindo uma estratégia de investimento baseada apenas nas informações essenciais para a tomada de decisão e deixar o resto de lado.
O budismo, quem diria, pode nos dar importantes lições quando o assunto é dinheiro. Da próxima vez que for analisar algum investimento, lembre-se: vá pelo caminho do meio!

*Consultor Financeiro e palestrante na área de Finanças Pessoais e Investimentos – samuel@invistafacil.com