Na festa de hoje vamos refletir sobre a nova comunidade de Jesus, que não deve ter fronteiras. Todos somos chamados a assumir o projeto de Jesus, praticando a justiça do reino.
A Trindade, comunhão perfeita, é o ideal da comunidade cristã. A Trindade existe para se relacionar com a humanidade. Perguntando-nos quem é Deus temos a resposta de quem é o ser humano. Deus é aquele que deseja se encontrar com a comunidade, revelando-lhe seu amor e fidelidade, caminhando com ele, atribuindo-lhe o acesso à libertação. Aceitar Deus é possuir a vida, é comprometer-se com seu projeto de liberdade e vida para todos.
O Deus de amor está presente na comunidade cristã, o corpo de Cristo, chamando-a comunhão e solidariedade perfeitas, mediante a comunhão do espírito. A comunidade trinitária é o futuro da comunidade cristã. Só ela pode garantir vida plena, capaz de superar também a morte.
Jesus tem autoridade no céu e na terra (Mt.28, 18). Essa autoridade foi dada por Deus. Jesus é agora a única autoridade entre Deus e a humanidade. É praticando a justiça de Jesus que as pessoas cumprirão a vontade de Deus. E a vontade de Deus consiste em duas coisas:
Fazer com que todos se tornem discípulo de Jesus, através do batismo. O batismo é muito mais que um sacramento que se recebeu um dia na vida. Quem é batizado começa a fazer parte da nova comunidade de Jesus, a comunidade da justiça.
Toda humanidade é chamado a formar uma grande comunidade, continuando hoje às palavras e ações de Jesus. Observar tudo o que Jesus ordenou é a outra condição para a comunidade se manter de acordo com a prática de Jesus. Ensinou a praticar a justiça em favor dos pobres e marginalizados, para que todos possuam a liberdade e vida.
O Pai nos entregou a tarefa de perpetuar a vida. O filho nos deu a suprema lição de amor. O Espírito Santo plantou em nosso coração o desejo ardente de saber e conhecer. Enfim somos aquilo que somos porque a Trindade nos fez à tua imagem e semelhança.
E quando negamos nosso amor a um irmão, é a Trindade que deixamos de amar. Quando cortamos a comunicação com nosso irmão, é com a Trindade que deixamos de comunicar. Quando nos pronunciamos contra a vida, negando-lhes o direito de nascer, de subsistir ou de ocupar seu lugar em nosso meio, é contra a própria Trindade que omitimos sentença de condenação.
A Santíssima Trindade: Deus Pai Criador; Deus filho redentor; Deus Espírito Santo.
Deus Pai Criador, que fez tudo, o que existe como uma infinita bênção, Deus dos antepassados do povo oprimido. Deus que faz renascer a memória da história do povo, que vê, houve, conhece. Vê mas não é olho que tudo vê. Deus vê a miséria, olha para o mundo pelo seu lado mais fraco, manifesta a sua bondade e seu amor em cuidar de quem mais precisa. Ouve oração do povo, grito, clamor dos oprimidos. Conhece, conhecer na Bíblia quer dizer entrar em relação íntima, experimentar na própria carne a presença de Deus.
Deus filho redentor, que depois do pecado original de nossos primeiros pais, e que herdamos, se torna pessoa humana e coloca, novamente ao nosso alcance a bênção divina perdida, salvando-nos da condenação eterna e reintegrando-nos no amor de Deus. O verbo se fez carne e habitou entre nós. Deus filho é um Deus libertador que desce do céu e toma partido do lado dos oprimidos e recompensa espiritual na terra necessária para trabalhar em liberdade se alimentar, viver e celebrar Deus da vida.
Deus Espírito Santo, enviado de modo especial por Jesus e pelo pai, no tempo da igreja e que impulsiona continuamente cada um de nós e nossa comunidade para a santificação e a libertação oferecida pelo Jesus. Nós como igreja, por Cristo, com Cristo, e em Cristo na unidade do Espírito Santo, cultivamos, celebramos, adoramos, glorificamos e bendizemos ao pai.
Deus Espírito Santo é reconhecer que nosso Deus é fogo, que nunca temos completamente, que sempre de novo precisamos, ser batizado no Espírito Santo e no fogo, e estar atento na vocação da gente, aceitar e comprometer com a libertação do povo.
A transformação trazida pelo Espírito restaura a comunhão com Deus e com o próximo. Fomos transformados pelo dom do espírito num povo capacitado para realizar a vontade de Deus para anunciar as boas novas e para ser uma comunidade solidária em busca da justiça e de paz no mundo, para mostrar o caminho da renovação da ordem criada.
Ele nos consagra, nos perdoa, nos fala de modo privilegiado, pela escritura sagrada, nos fortalece por seu filho Jesus e pelo dom do seu espírito. Respondemos sim a Deus, indo a liturgia e colocando-nos em atitude de escuta, prontidão, adoração, intimidade com ele e, ao tempo em alegre convivência fraterna com nossos irmãos e irmãs.

*Contador; coordenador das comunidades eclesial de base (CEB`s) e ministro da palavra e celebração na Igreja Matriz Nossa Senhora Aparecida, em Dracena.