As festas folclóricas brasileiras vêm perdendo espaço meio a massificação contemporânea.
A cultura popular é a raiz da cultura brasileira e deve ter o seu espaço preservado, respeitado, ser zelada e registrada minuciosamente, sempre. As nossas raízes são nossas histórias/ estórias: grafitadas, cantadas, dançadas em versos, poemas, poesias… e praticadas por artistas artesões, trovadores, atores, pessoas simples que vivem no anonimato, isolados, longe do convívio em massa e preservam esses bens natos, mantendo íntegras as características do fato folclórico.
Aqui onde moramos, tem tanta arrumação, o povo já se prepara pra louvar:
Santo Antônio, São Pedro e São João.
São terços e rezadeiras, cantos e procissões, pedidos ao pé dos mastros, com
velas e orações.
Premiam até corajosos, que ao pau de sebo trepar, são aplausos e rojões, e
o mastro… a girar.
Isso é o forró pé de serra, chegando pro arraial, trazendo as tradições, das vestis e instrumental: É colher e reco-reco, sanfona e cavaquinho, pandeiro, tambor e triângulo, tudo bem arrumadinho.
A festa vai se animando, há comida de montão, foi à chuva que chegou, pra fartura no sertão: São milhos e macaxeira, bem assadinhos na brasa, seus bolos, canjicas, curau, canela, cravo pra temperar.
Arroz doce, pé de moleque, cuscuz, farofa, tapioca, doce de batata doce e jerimum lá da roça…Acompanhados do quentão, anisete, bom e dosado e pra tal ostentação, a tradicional cachaça.
A fogueira está acesa, simpatias de montão, pedidos de casamento em forma de oração: São João disse, São Pedro confirmou, vamos namorar/casar, que Santo Antônio mandou.
Primos casam com primas, para manter a tradição de família bem unida, em vínculo/procriação.
O correio elegante em forma de coração, demonstra fogo ardente, amor, conquista e paixão. O namoro corre solto em toda mediação, da barraca bem armada à luz da lamparina.
Ao redor da fogueira, na companhia dos pais, na dança e a sombra do lampião. Amigos e também parentes, cultuam a santa expressão, viram compadres/comadres, pedindo mais proteção. Pulando sobre a fogueira, unidos por ambas as mãos, enfatizando o ditado, em noites de São João.
São Antônio disse, São Pedro confirmou, vamos comadre/compadre que são João mandou.
E assim varam se as noites, encharcado em sapiência, é a cultura popular, A santa magnificência.

*Professora de Arte, especialização em Artes Cênicas, Pedagogia e Rádio.