Geralmente, não esperamos ouvir o que o outro diz sem logo dar um palpite ou uma “solução melhor”. Como se a palavra do outro não fosse digna de consideração e precisasse ser completada pelo que temos a dizer, que, em nossa opinião seria muito melhor.
Falamos muito, até demais, mas poucos de nós estão dispostos a ouvir. Para que falar se, ninguém quer escutar? Vale mais a oratória ou a escutatória? Silenciar, para ouvir, ainda tem algum valor. Talvez precisemos aprender ou reaprender a nos comunicar para melhor conviver.
Comunicamo-nos e relacionamo-nos artificialmente. Temos, por um lado, a comunicação entendida como técnica de falar bem, como ferramenta e estratégia de propaganda ou marketing. Estas, bem elaboradas e produzidas, tentam livrar-nos das contradições da vida e do mundo, compondo o mundo ideal e imaginário. Do outro lado, onde a vida acontece, vivemos o mundo das relações interpessoais, estabelecidas cotidianamente com os outros. E estas sim, cheias de contradições, como a própria vida.
É necessário chamar a atenção para aquilo que compõe a verdadeira comunicação: o entendimento e a compreensão daquilo que ouvimos dos outros. Isto nos dá pistas de porque vivenciamos relações interpessoais e sociais difíceis e deterioradas.
Estamos deixando de nos compreender como seres em constante relação sim, pois velocidade, individualismo e falta de tempo não combinam com boa comunicação, levando a ansiedades e a os erros e acertos.
A conversa nos leva a uma verdadeira terapia – uma necessidade humana que nos faz compreender melhor nós mesmos e os outros.
A “escutatória” de Rubens Alves pressupõe uma postura de profundo respeito e consideração para com aquele que nos procura para falar de si mesmo. O bom ouvinte deve despir-se de arrogância e vaidade, permitindo um silêncio interior… ausência de pensamentos. Só assim é que conseguimos verdadeiramente ouvir.
Precisamos todos, ser ajudados e ajudar a construir os meios que nos permitam a fala e a escuta, ambas indispensáveis para uma boa convivência social.
Isto se aplica muito entre pais e filhos, professores e alunos, jovens entre si, pois somente a fala e a escuta propiciam o diálogo. Este esforço é pessoal, mas também e publico e coletivo.
Precisamos saber nos colocar no lugar do outro para entendê-lo melhor, realizando “juntos a mesma tarefa”.
Vamos unir nossos esforços para conseguir um mundo cada vez melhor, mais solidário e mais humano.
*é vice-diretora do Colégio Objetivo de Dracena.