A universidade brasileira se assenta sobre três pilares: o ensino, a pesquisa e a extensão. Se em relação ao primeiro o sistema procura dar conta, os dois outros são deficitários. Pesquisar é essencial para aprofundar o conhecimento, detectar novos rumos para o ensino, adotar estratégias que otimizem a transmissão do saber. E a extensão é o que justifica a existência de uma universidade voltada à transformação do mundo. O saber pelo saber é nobre, mas o saber que muda a vida das pessoas é ainda melhor.

Neste momento dramático da República, em que o inesperado acontece e a incerteza parece representar o único núcleo inquestionável, a ministra Carmen Lúcia, do STF, lança uma bandeira instigante. Conclama os reitores das universidades brasileiras a firmarem compromisso público pela campanha nacional ‘Justiça pela Paz em Casa’, com vistas à superação da violência contra a mulher.
O plano é perfeitamente factível: estabelecer convênios entre as instituições de educação superior e os Tribunais de Justiça para o desenvolvimento de estágios não remunerados nas áreas de Direito, Psicologia e Serviço Social, em varas especializadas e de competência comum. Os estudantes treinarão assistindo mulheres e crianças vítimas da violência perpetrada dentro de casa.
Simultaneamente, projeta-se desenvolver em âmbito nacional ações de reflexão e divulgação dessa campanha, prioritariamente por meio de cursos de extensão que instruam estudantes e voluntários a assistir mulheres em seu percurso pela Justiça nas semanas de 3 a 7 de agosto e de 23 a 27 de novembro de 2015. Pensa-se em adotar medidas específicas vinculadas à educação das mulheres e estudantes egressos de famílias vítimas de violência doméstica, tudo com vistas a superar as consequências das lesões e/ou ameaças sofridas e potencializar as iniciativas universitárias de apoio à mulher em prol da paz e casa. Não só ao longo do segundo semestre deste ano, mas para que essa preocupação perdure para sempre.
Todos estão chamados a participar desse empenho. Uma nação justa, fraterna e solidária começa dentro de casa. É lamentável verificar que um grande número de agressões ocorra naquele espaço sagrado que já foi chamado de “lar” e que precisa tornar a sê-lo.

*é presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo.