Quantas decisões equivocadas você já tomou ou viu alguém ou alguma organização tomar? Já parou para pensar por que elas não deram certo? Quantas empresas já quebraram ou perderam parte significativa de seu mercado por tomarem decisões ruins? Já parou para pensar por que isso acontece?
Para mim, a falta de informação ou a incapacidade de dar o devido valor à informação que lhe foi entregue ou está disponível é a principal causa da má decisão. Lembro que informação demais disponível também gera falta de informação, pois quem a utiliza fica perdido, sem saber qual utilizar e qual é realmente relevante para aquele momento.
Os sistemas de apoio à decisão, em geral, disponibilizam para o tomador de decisão uma série de informações, na sua maioria sintetizando dados internos da organização. Apresentam pouca ou nenhuma variável qualitativa, fatos ou eventos, e quase nada sobre o ambiente externo. Muitas vezes, também apresentam tanta informação que quem toma a decisão acaba não sendo consultado durante o processo decisório.
Lembro que não é qualquer informação que o tomador de decisão necessita. Ele precisa da informação certa, na hora certa, para tomadas de decisão certa. Essa informação oportuna deve atender a uma finalidade bem definida, ser relevante, clara e precisa. Também deve ser concisa, pois o tempo nunca teve tanto valor. Essas são as características da inteligência produzida, que também deve ser capaz de antecipar os acontecimentos para evitar que a organização e/ou o tomador de decisão sejam surpreendidos.
Cabe ao profissional de inteligência competitiva produzir essa informação que faz a diferença, mas também conseguir romper os pontos cegos desenvolvidos pelo decisor para que essa informação se transforme em decisão e ação.
Nesse contexto, um bom sistema de apoio à decisão deve levar em conta os princípios da inteligência e ser capaz de absorver a inteligência produzida. Como nos ensinou Sun Tzu, para ganharmos qualquer batalha temos que nos conhecer, conhecer o inimigo e o ambiente. Ele também deve ser protegido para que o conhecimento sensível armazenado não caia em mãos erradas.
Um bom sistema de Inteligência é capaz de alterar até a cultura de uma organização, como ocorreu no início da década de 1990 com a IBM. A Big Blue vinha perdendo mercado em anos consecutivos e nem se dava conta disso. Na realidade, nem tinha conhecimento que tinha concorrentes que estavam crescendo dentro do mercado dela, sem que ela percebesse. A implantação do Sistema de Inteligência na IBM, além de municiar a empresa com informações relevantes para o processo decisório, tinha como objetivo mudar a cultura da organização e eliminar os pontos cegos ligados ao mercado e à atuação da concorrência.
E na sua organização, há um sistema de inteligência que suporta o processo decisório? Ele alimenta os sistemas de apoio às decisões existentes? Se não, sugiro investir antes que seja surpreendido pelo seu concorrente ou um novo entrante.
*Professora da disciplina “Inteligência e Sistemas de Apoio a Decisão” no MBA em Inovação, Inteligência e Estratégia Competitiva do Instituto de Pós-Graduação e Graduação (IPOG).