O assunto do momento agora é a crise econômica. É só ligar a televisão ou ler um jornal e vemos lá que a palavra crise é a mais encontrada. Como não está acontecendo nenhuma grande desgraça para ser noticiada, procuram aumentar o Ibope com notícias reais ou falsas de crise. Quando o álcool passou de R$ 2,00 foi uma falação sem fim. Logo em seguida ele veio a R$ 1,65 e aí não se falava mais nada. Quando o tomate chegou a R$ 8,00, parecia que o mundo ia acabar. Quando baixou para R$ 1,55, houve silêncio. E assim por diante.
De um modo geral, a mídia vive de más notícias. Acontecimentos alegres, prazerosos não chamam a atenção dos telespectadores, ouvintes e leitores. Por isso que programas como os do Datena ou do Marcelo Resende têm audiência tão alta.
A crise que realmente está acontecendo é a crise de conhecimento, ou de memória. Quem não se lembra dos apertos que o Brasil passou em 1999? A não ser a moçada da casa dos 20 anos, os outros deveriam se lembrar. O Brasil com uma dívida externa imensa; o Fundo Monetário Internacional (FMI) monitorando nossa economia, com ordens descabidas para serem cumpridas; reservas do país em 18 bilhões de dólares, o que para o Brasil é insuficiente; os Bancos ameaçando fechar e o governo, atônito, criando o PROER para injetar quantias astronômicas nessas instituições; investimento zero, desemprego a mil; aumento de tudo todo dia, e daí por diante.
Hoje o país está atravessando dificuldades principalmente porque países que compravam nossas mercadorias estão passando aperto e diminuíram consideravelmente as compras. A China, nossa maior parceira, está mal das pernas. Num único dia a bolsa de valores caiu mais de 8%; a Argentina, nossa maior compradora na América do Sul, está atravessando um período negro na economia. A Europa, que também comprava bastante do Brasil, está na lona.
Mas o Brasil conta hoje com uma reserva de 370 bilhões de dólares que mantém a credibilidade financeira do país. São problemas pontuais que está havendo e que serão sanados no seu devido tempo. Acontece que a economia não é estática e a estabilidade econômica de um país depende da estabilidade de outros. Se um vai mal das pernas, atrapalha meio mundo. Mas no final todos se recuperam.
O fato de a inflação hoje estar em torno de 8,5% não deve assustar ninguém. Em 1989, ela chegou a 1.782% e ninguém morreu por isso. Em 1999 bateu nos 20,10% e em 2002 chegou 25,30%. Como se vê, a economia não é estática, muda ao sabor das circunstâncias.
A Grécia está hoje passando pelo mesmo perrengue que o Brasil passou em 1999. E já estão “acertando os ponteiros” com os credores porque para estes é melhor um devedor recuperado do que um falido. No campo pessoal, o importante é que as famílias tenham o hábito de manter uma reserva financeira para os dias difíceis. Quando a situação está favorável, é interessante que se faça um “pezinho de meia”, uma poupança, para os tempos de dificuldades que virão com toda certeza. Nunca gastar tudo que ganha é a melhor política para não se assombrar e não deixar a situação ficar fora de controle.
Lembram-se do sonho do faraó em que havia 7 vacas magras e 7 vacas gordas e o intérprete lhe disse que eram os 7 anos de fartura e os 7 anos de miséria? Pois é, essa dupla situação continua até agora. É só se preparar que aí não haverá choro nem ranger de dentes.
Até quarta-feira

therezapitta@uol.com.br
– Dracena-