O PT está derretendo. Segundo o instituto de pesquisa CNT, mais de 70% dos brasileiros classificam como ruim ou péssimo o governo Dilma. Já o Ibope apurou que, se as eleições fossem hoje, Lula seria derrotado por Aécio Neves por larga margem de votos (59% contra 41%). Será que as famílias da “nova classe média”, que os petistas dizem que só chegaram lá por causa deles, viraram as costas para o partido? Ou será que essas mesmas famílias descobriram que é justamente por causa do PT que a situação delas está cada dia pior?
Nos últimos anos o PT tentou passar a ideia de que os trinta milhões de brasileiros que ascenderam à classe C devem isso ao partido. Para muitas pessoas essa bobagem colou e os petistas, mesmo atolados em um mar de lama desde o caso do mensalão, permanecem no poder há anos.
Cumpre dizer que, a redução da pobreza nos últimos anos só foi possível porque tudo começou a ser preparado no início dos anos 90. Não é obra de um governo apenas.
Na gestão Collor deu-se a abertura da economia brasileira. A história dos carros que pareciam “carroças” é emblemática. O país era muito fechado e isso desestimulava inovações. Além disso, foi nessa época que começaram as privatizações. As ineficientes estatais eram um poço sem fundo na absorção de recursos públicos.
No governo Itamar Franco as privatizações foram mantidas e teve início o processo de estabilização de preços. O Plano Real eliminou uma inflação na casa dos 2.500% ao ano.
No governo Fernando Henrique as privatizações continuaram. Medidas como a Lei de Responsabilidade Fiscal, o regime de metas de inflação, o câmbio flutuante e a política de superávit fiscal foram determinantes para a estabilização da economia.
O PT encontrou o caminho pavimentado para implementar políticas sociais de grande envergadura. No governo Lula os benefícios das privatizações, da abertura externa e da política de estabilidade macroeconômica dos anos anteriores deixaram tudo pronto para um amplo programa de redistribuição de renda, a grande bandeira petista.
O crescimento econômico entre 2004 e 2008, devido em grande parte ao crescimento mundial, facilitou a vida dos petistas. O desemprego em queda, a renda em alta e os programas de assistência social tiveram efeito político magnífico para o governo, que apenas curtiu o momento. Nessa época o PT poderia ter implementado uma nova rodada de medidas fundamentais para o desenvolvimento nacional, como as iniciadas nos anos 90. Foi uma chance para tornar a economia mais competitiva. Mas, o partido não teve competência para investir em ações voltadas à qualificação de trabalhadores, à ampliação e modernização da infraestrutura e para a condução das reformas estruturais como a política e a tributária.
O Brasil vive uma crise gigantesca hoje por conta das barbeiragens do PT na política e na economia e por causa da corrupção patrocinada pelo partido. Boa parte da tal “nova classe média” se deu conta de que o partido é responsável pelo desemprego que corre solto, pela queda na renda e pela inflação crescente. Os ganhos na área social retrocedem de modo acelerado e vão ter peso determinante para que os petistas sejam definitivamente rechaçados do poder.
*doutor em Economia pela Universidade Harvard (EUA) e professor titular de Economia na FGV (Fundação Getúlio Vargas).