Segundo a matéria de capa da revista Exame edição 1099: uma empresa fecha e sete trabalhadores são demitidos por minuto! Esta realidade somada a crise política, a redução da confiança de investidores e consumidores, aumento da taxa de câmbio, inflação, retração da geração de riquezas no país (PIB), entre outros, tem obrigado a muitas empresas a “encolher para sobreviver”, outras, lamentavelmente, já faliram ou precisarão enfrentar, em breve, a insolvência dos negócios. Mas, será que esta é a realidade para todas empresas?! Será que vestir a camisa desta crise é a única opção?! 

É sabido que as pequenas e médias empresas empregam 52% da população ativa e respondem por 27% do PIB nacional, infelizmente estas lideram também as estatísticas de falência, por outro lado, há de se observar que, devido à alta taxa de desemprego, muitas empresas ainda serão abertas devido às necessidades de sobrevivência do trabalhador, levando-o a investir suas verbas rescisórias num negócio próprio.
Neste contexto, caro empresário, antes de vestir a camisa da crise, observe as mudanças de comportamento dos seus clientes! Abra espaço para que estes forneçam feedbacks. Reavalie as prioridades do seu público-alvo! Os clientes estão, realmente, com menos dinheiro e cautelosos em gastar o que tem, mas continuarão consumindo.
O volume de vendas pode cair por cliente, então, ou a empresa se adequa a nova realidade “encolher para sobreviver” ou terá que buscar mais clientes ou aumentar o mix de produtos para manter as vendas. Neste sentido é preciso atentar-se às mudanças no comportamento do consumidor.
Observa-se, por exemplo, que consumidores estão trocando refrigerantes de marcas líderes por outros mais em conta. Outros, ao invés de comprar roupas novas, analisam a possibilidade de consertá-las. Existem ainda àqueles que consertam eletrodomésticos antes de trocá-los por novos. Migram entre cortes de carne bovina de primeira para carne de segunda. Outros trocam a carne bovina por substitutos como o frango e embutidos… o aumento do consumo destes produtos substitutos geram oportunidades em plena crise!
É hora de aprender com as dificuldades. Quem está atento às mudanças de comportamento e mantém a empresa organizada, consegue inovar e entregar produtos e serviços adequados. Por exemplo, conheço açougues que estão mantendo o nível de faturamento com a reestruturação do mix de produtos, atendimento de qualidade e campanhas de fidelização de clientes através de marketing direcionado, enquanto outros enfrentam queda nas vendas de 40% a 60%; existem ainda restaurantes que conseguiram manter a clientela, para tanto, simplificaram o cardápio, renegociaram com fornecedores, mantiveram a qualidade dos produtos, a divulgação direcionada e a qualidade no atendimento. Evitando desta forma, grandes reajustes nos preços.
Portanto, vestir a camisa da crise não é a única opção! Cada empresa tem a sua realidade e com organização e boas estratégias de marketing podem até encontrar oportunidades em plena crise. Pense nisto!

*consultor de empresas; professor executivo FGV – consultoriaempresarialjk@gmail.com