Mais uma vez o Natal nos bate à porta. Parece que foi ontem que ele veio até nós. Alguns ele encontra no início da vida e os conhece pela primeira vez. Outros já são velhos camaradas, encontrados em muitos outros natais e hoje estão mais amadurecidos, mais cheios de teorias, de preferências e exigências. E muitos outros já não são mais encontrados. Prosseguiram em sua jornada e não aguardam mais a vinda dos natais. Amigos que se foram, amigos que chegaram!
Para muitos, a impressão que se tem é que o tempo está passando cada vez mais rápido. As horas voam, os dias estão curtos demais, semana, mês e ano rodopiam ao nosso redor numa desabalada carreira e quando nos damos conta parece que a vida já ficou para trás. Só há lembranças, nada mais.
Embora alguns cientistas afirmem que a Terra está girando mais lentamente, a impressão que nos fica é que a Teoria da Ressonância Schumann tem algum fundamento. Segundo esse cientista alemão, a terra está girando mais rápido e a hora já leva menos tempo do que levava antigamente. Os segundos são mais curtos e as horas, dias e meses também. O dia tem 24 horas mais curtas porque a terra demora menos tempo no seu trajeto de rotação.
Às vezes somos obrigados a concordar com Schumann. Tudo está passando muito rápido e, ajudado pelas numerosas tarefas que nos impomos, mal começa a vida e já nos encontramos em seu final. O trajeto é feito numa desabalada carreira, muitas vezes desprezando fundamentos importantes e valorizando banalidades.
Chegou o Natal! Pelas fotos nos assustamos com o crescimento dos pequenos, já não tão pequenos e mostrando as alterações que um ano fez nas suas vidas. Vemos os jovens cada vez mais exibindo ares de adultos e os adultos, com a neve já lhes pintando os cabelos; os mais idosos cada ano mais desgastados pelo tempo e muitos, independente de idade, já não surgem mais nas fotos. A roda do tempo girou e a presença deles apenas existe na lembrança de quem os conhecia.
Por isso, enquanto estamos por aqui, saindo nas fotos, recebendo e dando presentes, dividindo festejos com quem circula pelas nossas ligações de amizade ou conhecimento, que tenhamos em mente a brevidade de nossas vidas, que possamos dar o devido valor àqueles que circulam ou circularam por nossas relações de amizades, de conhecimento ou de algum bom sentimento mais consistente ainda.
Que as mágoas que impingimos a quem nos rodeou nos sejam perdoadas e àquelas que nos impingiram que tenhamos a força necessária para perdoar e esquecer. Neste curto estágio, chamado vida, a brevidade de tempo é tão marcante que deveríamos guardar em nossa memória apenas o que nos dá alegria a fim de que a vida seja mais prazerosa pois, tão curta como é, ocupá-la com mágoas e ressentimentos é nos atermos à parte triste da vida.
Que venham mais Natais. Todos eles trazendo alegrias, união e o sentimento de que estamos todos na mesma embarcação e façamos dessa breve viagem momentos de encantamento. Que possamos não mais encontrar nos noticiários resenhas de ódio, de intolerância, de egoísmo.
Talvez demore, mas é essa a esperança que embala a humanidade: que a fraternidade, a consideração pelo outro seja parte integrante do que desejamos para nós mesmos.
Até quarta-feira
therezapitta@uol.com.br
-Dracena-