Um grupo de ativistas de esquerda, incluindo três ex-embaixadores israelenses, pediu ao governo brasileiro para não aprovar a nomeação de Dani Dayan como o embaixador enviado para o Brasil. Dayan é ex-presidente do Conselho das Comunidades Judaicas na Judeia e Samaria, ou seja, dos territórios ocupados, principalmente na Palestina.

Em reunião há duas semanas com os embaixadores do Brasil para Israel e a Autoridade Palestina, os ativistas disseram que concordar com a nomeação de Dayan equivaleria a legitimar o empreendimento dos assentamentos.
Entre os diplomatas responsáveis pelo lobby contra Dayan estão o ex-Ministro das Relações Exteriores Alon Liel, que também é ex-embaixador na África do Sul e foi responsável pela Embaixada de Israel na Turquia; o também ex-embaixador na África do Sul Ilan Baruch, e o ex-embaixador na França Eli Bar-Navi. Eles, juntamente com Raz e o ex-deputado do partido de esquerda Meretz, Meir Margalit, se reuniram com os embaixadores brasileiros logo após a nomeação de Dayan ser aprovada pelo gabinete do Primeiro Ministro.
A vice-chanceler, Tzipi Hotovely, disse que “Dani Dayan é o homem certo no momento para representar Israel no Brasil”. Crenças ideológicas de Dayan, ela disse, são uma vantagem, ele vem como representante da política do governo, que apoia o nosso direito de ocupar a Judeia e Samaria (Cisjordânia).
Sob o protocolo diplomático, um país interessado em nomear um embaixador em outro país deverá solicitar formalmente acordo por escrito do Estado para a nomeação. Se o país onde o embaixador foi nomeado não emite um acordo por escrito, o compromisso não se concretiza.
Desde que a nomeação de Dayan foi anunciada, grupos no Brasil também estão trabalhando para reverter a nomeação. Um grupo de ativistas pró-Palestina começou a articular uma petição ao governo pedindo para não aceitar Dayan como embaixador, e vários membros brasileiros do Congresso estão exercendo pressão para a presidente Dilma Rousseff fazer o mesmo.
O governo brasileiro tem retido a aprovação da nomeação há mais de quatro meses, e até deu a entender que não tem interesse em ter um ex-líder colono como o enviado de Israel à sua capital.
Na quinta-feira à noite (17/12), jornais israelenses informaram que o Brasil não tem a intenção de emitir o acordo por escrito à nomeação de Dayan, sem a qual o compromisso não pode se concretizar.
Israel oficialmente transmitiu ao Brasil um pedido para aceitar a nomeação de Dayan em agosto, mas os brasileiros ainda têm de responder. O Ministério das Relações Exteriores decidiu esperar até dezembro antes de qualquer reavaliação da nomeação ou pedir ao Brasil para um esclarecimento formal, sobre o atraso.
Apesar dos sinais claros que vazaram pelo Ministério das Relações Exteriores brasileiro, diplomatas israelenses disseram que não desistiram ainda sobre a nomeação de Dayan. Segundo eles, o ministério vai quer fazer um esforço para discutir a questão com o Brasil, ou simplesmente esperar mais alguns meses para ver se o Brasil muda de posição.
A rejeição da nomeação de Dayan pode causar uma grave crise entre os dois países, já que o Brasil nunca recusou uma nomeação de embaixador estrangeiro.

 

*Grupo de Estudos em Defesa e Segurança Internacional da Unesp de Franca. Acesse o blog Éris em http://www.eris-gedes.org/