Na chegada do Ano Novo, uma pausa para voltar o olhar para os meses que passaram. O ano que terminou não foi fácil. Marcado por uma sucessão de fatos negativos, com queda de indicadores econômicos e sociais, aumento da inflação, crescimento do desemprego e outros problemas. Enfim, foram doze meses que transitaram por um cenário de persistente crise e – por que não reconhecer? – de crescente desesperança e medo do futuro.
Sempre atento aos entraves que possam ameaçar a rede de proteção que há quase 52 anos vem tecendo ao redor do jovem brasileiro, o CIEE viu sua preocupação aumentar quando uma recente enquete, respondida por 7,5 mil jovens em outubro, revelou que 15% já sentiam o impacto da crise na vida escolar. A maior parte (11%) estava em débito com as instituições de ensino, 2% haviam trancado a matrícula e, o pior, 2% já haviam abandonado os estudos.
Diante disso, o CIEE decidiu intensificar seus esforços visando à multiplicação da oferta de oportunidades de formação profissional para estagiários e aprendizes. O objetivo, que mobilizou seu quadro de 2,7 mil colaboradores, é o mais meritório possível: criar condições para que o estudante de hoje, que será o profissional de amanhã, esteja qualificado para assumir, com eficácia, seu lugar no mercado de trabalho quando amainarem os ventos da crise e o País embarcar numa inevitável fase de retomada do desenvolvimento. Que pode tardar, mas não deixará de chegar.
A resposta à ação do CIEE demonstrou que centenas de empresas e órgãos públicos compartilham dessa visão. Pois, mesmo numa fase de economia em queda, os números são animadores: somente em 2015, mais 300 mil jovens de todo o País tiveram assegurada uma renda – na forma de bolsa-auxílio para os estagiários e de salário para os aprendizes – que lhe possibilitou manter seus estudos e, em muitos casos, até reforçar o orçamento familiar.
Já para as empresas e órgãos públicos, as duas modalidades de formação profissional garantem a preparação adequada de futuros talentos, entre os quais, ao que tudo indica, mais de 60% continuarão a ser efetivados pós-período de capacitação. Finalmente, para o País, a importância do estágio e da aprendizagem é mais do que evidente, na medida em que a qualificação do capital humano constitui um dos mais sólidos pilares que darão sustentabilidade à futura retomada do crescimento.
Consciente de que a tão desejada sustentabilidade, que se traduzirá em condições mais justas e dignas para todos os brasileiros, só será conquistada com uma estreita aliança entre a boa preparação profissional e a formação para a cidadania, o CIEE continuou envidando esforços não só para manter, mas também para intensificar suas ações filantrópicas de assistência social. Voltadas em especial para populações em situação de vulnerabilidade, os programas sociais incluem, entre outras, educação à distância (mais de 2,5 milhões de matrículas no País); cursos presenciais de orientação e informação profissional; alfabetização gratuita de adultos; orientação jurídica gratuita; capacitação de moradores de rua; inserção profissional de pessoas com deficiência; cursinhos pré-vestibular gratuitos.
É o CIEE fazendo sua parte, cumprindo a missão legada pelos fundadores e alinhando-se às organizações e aos brasileiros que entrarão no próximo ano dispostos a colaborar para que se concretizem, o mais breve possível, as esperanças de dias melhores e mais justos.
*presidente do Conselho de Administração do CIEE, do Conselho Diretor do CIEE Nacional e da Academia Paulista de História (APH).