Nos artigos anteriores tratamos o tema prosperidade como a condição do ser e não do ter. Afinal, prosperidade está ligada diretamente ao equilíbrio entre as diversas áreas da vida como: financeira, social, ambiental, saúde física e emocional. Portanto, não importa o quando se acumulou até o momento ou se há mais acúmulo de bens do que alguém! O importante é encontrar equilíbrio, mantê-lo e conquistar crescimento sustentável para todas as áreas citadas. 

Vimos também a proposta de Conrado Navarro e André Massaro que recomenda o modelo 0-10-10 para obter o equilíbrio na área financeira. Os autores defendem a ideia de que o orçamento deve contar com nenhuma dívida (exceto dívidas conscientes – ex: financiamento da casa própria, etc.), 10% da renda deve ser poupado mensalmente e, finalmente, ter como meta reservas que garantirão, ao menos, 10 meses sem trabalhar. Imagine se neste momento você tivesse recursos para ficar 10 meses sem trabalho! Obviamente que em caso de redução de receitas e imprevistos você teria “fôlego” para buscar soluções para o problema. Excelente objetivo, você não acha?!
Antes de falarmos de dívidas e impulsos para compra, gostaria de abrir parênteses para refletirmos sobre nossos instintos. Daniel Kahneman, psicólogo e ganhador do prêmio Nobel em Economia em 2002, diz que o instinto é essencial. Estes impulsos são pequenos apagões em frações de segundo entre os movimentos dos olhos que fazem com que o cérebro crie imagens instintivas! Por exemplo, se você vê um cachorro raivoso vindo em sua direção, o seu cérebro não espera os estímulos dos olhos serem transmitidos pelo nervo ótico até o centro nervoso, para depois criar uma reação. Ele simplesmente lhe “diz”: “Cooorrraaaa!!!”. Por outro lado, o instinto pode nos enganar! Sim, isto mesmo o instinto pode “mentir” para nós!
É neste ponto que falaremos sobre inadimplência, dívidas e equilíbrio financeiro! As pesquisas apontam que 80% das compras são feitas por impulso. Na essência estamos falando de instinto humano que acaba endividando muita gente. Segundo o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC), cerca de 40% da população economicamente ativa, aproximadamente 55 milhões de pessoas, estão endividadas no momento.
Por que temos este tipo de impulso?! Busca de status?! Identidade?! Necessidade de fazer parte do grupo referência?!
A Antropologia tenta explicar estes fatores e diz que o instinto de se destacar ou sentir-se parte de um grupo, por exemplo, veio de nossos primórdios. Naquela época não ser aceito no grupo, poderia significar morte, uma vez que enfrentar predadores e buscar alimento sozinho seria uma tarefa quase impossível. Hoje a realidade é outra! Concorda?! Afinal, parecer ter através de algo que não se pode comprar, ou ter bens materiais sem equilíbrio nas outras áreas da vida, não trará a prosperidade desejada. É como diz o prof. Gretz: “Tem gente que compra o que não precisa, com o dinheiro que não tem para mostrar para quem não gosta”. Afinal, é preciso ser para ter! E não o inverso…

*consultor de empresas e professor executivo da FGV/ABS (Fundação Getúlio Vargas/América Business School) de Presidente Prudente.