Há casos de força maior como mudanças no contexto econômico, desastres naturais, enfermidades nas famílias, entre outros fatores, que levam até pessoas mais cautelosas a se endividarem. Entretanto, a grande maioria se endividam por dificuldades em se organizar, impulsos de compra e, principalmente pela pressão social: trata-se daquela necessidade primitiva de fazer parte de um grupo referência. Isto leva, muitas vezes, a comprar roupas novas, a trocar de carro ou o celular, sem a real necessidade e até sem dinheiro. São os instintos nos enganando, como tratado nos artigos anteriores.
É preciso salientar que ser devedor não é crime! Segundo o Código de Defesa do Consumidor, artigos 42 e 71, crime é expor o consumidor a ridículo, constrangimento físico ou moral, ameaça, afirmações falsas incorretas ou enganosas que o exponha, injustificadamente, a ridículo ou interfira com seu trabalho, descanso ou lazer; a pena prevista é de detenção de três meses a um ano e multa.
Obviamente que o devedor responderá pela dívida e terá seu nome negativado. Mas tudo precisa ser feito pelos meios legais.
O devedor consciente irá se planejar para quitar suas dívidas. Geralmente é preciso sanar o “sangramento” causado pelos altos juros com o cartão de crédito e cheque especial. Para tanto, paga-se estas dívidas com financiamentos de juros menores ou interrompe os pagamentos para que a dívida seja negociada de forma que caiba no orçamento. Naturalmente o devedor receberá notificações e telefonemas, tudo está dentro da lei, desde que não haja constrangimento e coação durante a negociação conforme os códigos do CDC citados.
Sugere-se que, mesmo com dívidas, 10 % da renda bruta seja poupada, isto ajudará cobrir imprevistos. Sugere-se também destinar 20% às renegociações. O restante será destinado a contas essenciais (água, luz, aluguel, supermercado, etc.) e estilo de vida (salão de beleza, refeições fora do lar, presentes, etc.).
O planejamento ajudará a fazer negociações e renegociações de dívidas de forma consciente. Afinal, pode-se oferecer contrapropostas e, principalmente, criar negociações com parcelas que serão honradas dentro do orçamento. Todo esse trabalho permitirá a redução da pressão emocional, maior motivação e criatividade na busca de melhorias na fidelização de clientes, redução de custos e aumento de renda.
* consultor de empresas, professor executivo/colunista da FGV/ABS (Fundação Getúlio Vargas/América Business School) de Presidente Prudente.