Oh que saudade d´outrora, da minha velha palhoça, os meus tempos de criança e dos encantos da roça, das noites enluaradas, deixando-a mais prateada, para diversão das irmandades, brincando de pega/pega.

Era o som do pé de bode, gaita, triângulo, pandeiro, meu velho pai açoitava, no cavaquinho muito ligeiro. Também tinha o reco-reco, e o ritmo de colher, não podia faltar: dança, pinga e mulher.
Sentado na cadeira de palha, tocava e nós corríamos, brincando de esconde/esconde, descalços na areia fina, fofa como algodão, em safra do apanhado, amaciando pés/mãos, deixando mais delicados.
Quantas lembranças presentes: das chocas presas nos piquetes, ovos caipiras/ninhos no balaio, e galinhas no poleiro, onde o galo a meia noite, com seu canto forasteiro, anunciava a todos, ser o rei do terreiro. Lembranças dos meus perus, patos com hábitos noturnos, descendo no trilho abaixo em pastagem, para tomarem banhos na mina… Saudade do caçar minhocas, das pescarias dos bagres, cascudos e lambaris e dos banhos pelados na mina. Ai que sentimento sem fim, da mula chamada Morena, quando em três nela montávamos, murchava as duas orelhas, dava coice, pulava, sacudia e mordia… Nós caíamos. Saudade do cavalo Ponteiro, quando eu vinha da escola, encontrava ele no pasto, na ponta do sítio/cabeceira… Pegava um amargoso, fingia ser o cabresto, montava no lombo em pelo. Ele me trazia em casa, deixando lá na mangueira.
Sinto vontade do mel da abelha europa e do melado da cana, dos tempos da engenhoca, da rapadura de cana. Saudade dos pés de cocos, do cafezal e o terreiro, onde corria o rodo/ rastelo, na secagem do café. Lembranças me faz lembrar, das velhas bancas de arroz, cortado no puro ferro, e carregado nas costas. Tanto tempo se passaram, mas a lembrança me trás o grande chiqueiro de porcos, com cangas e arames farpados amarrados nos focinhos. Bons tempos das lamparinas, das tarimbas e redes. Uma caminha de solteiro, um berço que não me cabia… Eu crescia… Vontade hoje é trazer de volta, os tempos dos vagalumes, dos simples vestidos caipiras iluminados, em noites de escuridão sem fim. Lembra- me o torrar café, oito tijolos no chão, a lenha queimando em baixo, e um torrador na mão.
Tombava terra com os bois, arava com os cavalos, limpava toda a roça, com enxada, enxadão e lima bem amolada. São marcos os colchões, de palhas/painas, a água tirada do poço, o chuveiro de caneco e água fresca no pote. Esses entre tantos outros, são presentes, e histórias de um passado feliz… Distante, presente agora.

*Professora de Arte, Artes Cênicas, Pedagogia e Rádio.