Um dos mais importantes programas de difusão cultural do Governo do Estado de São Paulo completa 10 anos em 2016: o Circuito Cultural Paulista, que promove temporadas regulares de espetáculos no interior e litoral paulistas, de forma inteiramente gratuita para a população. Tendo no seu histórico apresentações com as atrizes Fernanda Montenegro e Lucélia Santos; com os músicos Tom Zé e Toquinho; com as cantoras Zélia Duncan e Luiza Possi, entre vários outros, o Circuito vem sendo responsável por ampliar o acesso à cultura de qualidade e formar novas gerações de plateias para as artes.
A programação do Circuito é especialmente selecionada por uma curadoria atenta às melhores produções em andamento no País. Cada município participante recebe uma apresentação por mês em uma das linguagens artísticas trabalhadas – circo, teatro, dança, música e infantil. As temporadas duram oito meses, de março a junho e de agosto a novembro. Ao final do ano, cada cidade terá recebido oito espetáculos de alta qualidade, contemplando esta variedade de linguagens. A programação de 2016, contando com 110 municípios participantes, teve início em março e inclui espetáculos com as atrizes Regina Braga e Lucinha Lins.
Nestes 10 anos, sob execução da organização social Associação Paulista dos Amigos da Arte (APAA), o programa realizou mais de 5.500 apresentações, para um público de 1,5 milhão de pessoas, em mais de 100 cidades paulistas. São números espetaculares, que por si mostram o alcance e o poder de descentralização deste programa. Mas o que isso significa para cada artista participante, para cada cidade, para cada pessoa beneficiada? Por mais que números nos deem uma ideia objetiva do alcance das ações realizadas, é muitas vezes na subjetividade que se expressam os seus maiores benefícios.
As apresentações do Circuito acontecem sempre em espaços municipais – por isso, a parceria com as Prefeituras locais é de fundamental importância. Uma vez que cada espetáculo apresenta requisitos mínimos de estrutura e palco, aos poucos o programa promoveu a qualificação dos teatros e casas culturais municipais, estimulando os gestores locais a investir em equipamentos e manutenção para mantê-los sempre aptos a receber as apresentações.
Com um calendário regular, o Circuito se integra à vida artística da cidade, chamando a atenção para os espaços em que, no restante do mês, se apresentarão também os artistas locais. Com encontros anuais entre os gestores locais, o programa também acaba realizando um importante intercâmbio de conhecimentos entre cidades.
Para os artistas, participar do Circuito é a chance de encontrar novos públicos em locais muitas vezes não contemplados pelo mercado cultural. Contratados para realizar até oito apresentações por bimestre, o programa também promove a movimentação da economia cultural, muitas vezes garantindo a artistas e grupos iniciantes a renda necessária para que continuem desenvolvendo suas atividades nos meses seguintes.
E, finalmente, o público é o principal beneficiado. Ao assistir espetáculos de grande qualidade em seu próprio município, as pessoas passam a perceber a cultura como um direito básico e essencial para sua formação cidadã. O contato com os diferentes olhares artísticos amplia também os horizontes pessoais, a percepção de mundo e a relação consigo e com os outros. É justamente este – impossível de medir – o principal resultado do Circuito Cultural Paulista.
*Secretário da Cultura do Estado de São Paulo.