Amanhã, 25 de abril, Brasilândia (MS) completa 51 anos. Meio século de história e muitas realizações. E o povo continua fazendo parte desta caminhada exitosa. Desde os tempos difíceis dos primeiros anos de emancipação político-administrativa, onde tudo estava para ser construído, prolongando-se até os tempos atuais e suas facilidades, foi uma longa e corajosa empreitada.
Foi-se o tempo em que a energia elétrica permanecia iluminando os lares brasilandenses somente até às 22 horas; foi-se o tempo em que para completar uma ligação tinha-se que pedir para telefonista completar a chamada para conseguir falar com alguém “do outro lado da linha”; foi-se o tempo em que para vencer distâncias precisava-se de um veículo de tração para superar as estradas de chão e as velhas pontes de madeira; foi-se o tempo em que para dar a luz aos nossos filhos tinha-se que atravessar pela balsa o correntoso Paranazão para alcançar a maternidade do lado paulista.
Sim, foi-te o tempo antigo. E chegaram tempos novos, dignos da Cidade Esperança. E tudo pelo esforço de seu povo e a mão de seus dirigentes. E cá estão eles dirigindo os destinos de Brasilândia, corroborando para o progresso e a felicidade do povo. Foi assim, com José Francisco Marques Neto, o pioneiro, e os demais que o sucederam: Gentil Ferreira de Souza (vice que ocupou duas vezes o cargo de prefeito); Patrocínio de Souza Marinho; Julião de Lima Maia; Paulo Simões Braga; Adilson Alves da Silva; Fernando Martins Mendes (vice que ocupou o cargo de prefeito uma vez); Neuza Paulino Maia (eleita duas vezes prefeita); José Cândido da Silva; Marilza Maria Rodrigues do Amaral (eleita duas vezes prefeita); Antonio de Pádua Thiago (eleito duas vezes prefeito); e Jorge Justino Diogo, atual prefeito de Brasilândia.
As mudanças de uma cidade só quem nela viveu desde o seu nascedouro pode avaliar o quanto elas significaram na vida de cada um que aqui apostou no futuro e ainda aqui permanece. Aos que chegaram depois, portanto, é sempre bom valorizar o esforço empreendido pelos desbravadores e pioneiros que criaram raízes fortalecendo esta árvore frondosa chamada Cidade Esperança. Reverenciar aqueles que chegaram antes de nós, e que, mais do buscar a sobrevivência e seus interesses pessoais e econômicos, alargou o horizonte de seus corações construindo uma cidade, uma comunidade, uma família.
Sim, Brasilândia é uma grande família, por isso temos motivos de sobra para homenagear cada morador antigo que dia a dia se despede de nós e cujos nomes, aos poucos, vão sendo rememorado nas placas de ruas e praças, e nem mais percebemos que eles se apartaram de nós.
Àqueles que buscam uma cidade próspera e que sacie a sede do lucro e ganância, àqueles que desejam aplacar sua sede de consumo, àqueles que desejam um mundo cada vez mais moderno com suas máquinas que substituem o homem; àqueles comprometidos somente com cifras que compram a vida e cartilhas que embebedam a alma com a ilusão do sucesso fácil, cabe o alerta de que esses propósitos nem sempre garantem o soerguimento de uma cidade. E tampouco lhes assegura a primazia da qualidade na educação, na segurança e na prosperidade.
Ao contrário, tais desejos, não raro, dão uma falsa ideia de crescimento e progresso. Tal qual um bando de gafanhotos verdes em revoada: podem devastar em pouco tempo uma cidade, sacando-lhe suas riquezas, seus recursos naturais, suas forças físicas e a esperança de uma vida melhor. Tal qual um político que bate a nossa porta em tempo de eleição e nos promete um mundo maravilhoso possível de ser construído e amanhã nos vira as costas, esquecendo o nosso rosto e necessidades. Pior, tendo-nos ferido mortalmente o crédito na humanidade.
O futuro de Brasilândia está nas mãos de quem a construiu e a constrói no dia a dia com temperança. O futuro de Brasilândia não pode ficar a mercê de um zepelim dourado que, depois de aterrissar triunfante e saciar sua fome viril, sob aplausos, parta para outras aventuras em ventres alheios. Quem quiser uma Brasilândia orgulhosa de sua história e de seus governantes, deve confiar em si próprio e no povo que lutou por este lugar, até os dias de hoje, transformando-o num bom lugar para se viver.
Reclamar da cidade pode ser um bom começo para quem quer ajudar a melhorá-la. Porém, arregaçar as mangas e fazer a parte que cabe ao cidadão pode ser bem mais eficaz, porque toda a cidade tem seus valores e potencialidades. Nas hostes de Brasilândia existe em cada cidadão um grande coração que pulsa e uma mão de obra caprichosa capaz de torná-la sábia, moderna e progressista.

*Morador de Brasilândia (MS).