O tabloide inglês ‘The Guardian’ publicou artigo onde define a situação econômica, política e social do Brasil a 100 dias da cerimônia do início dos Jogos Olímpicos como “…o Rio entra na reta final para os Jogos Olímpicos parecendo mais uma tradicional República da Banana do que uma moderna e emergente economia pronta a ocupar seu lugar no topo das decisões globais”. Infelizmente grande parte do que o artigo descreve sobre o país neste momento é correto embora peque nas análises e, portanto, nas conclusões. A começar que o Rio de Janeiro é uma cidade e não um país. O The Guardian é um tabloide sensacionalista de tendências antisemitas e anárquicas, famoso pelas revelações do Wikileaks de Snowden, gerenciados pelo repórter Glenn Greenwald e seu namorado, o carioca David Miranda. Mesmo assim o artigo se salva no geral por vir assinado pelo seu correspondente para a América Latina, Jonathan Watts, detentor de alguns prêmios jornalísticos internacionais. 

É muito triste ver como os fatos conspiram contra o Brasil atualmente. Não fossem as Olimpíadas provavelmente o país não estaria sob as lupas da imprensa mundial e poucos dariam importância aos discursos que Lula, Dilma e sua claque tanto por aqui como no exterior fazem quando a oportunidade se apresenta.
Não dá para discordar do que é descrito no artigo: uma cidade que não tem um setor de saúde minimamente adequado para atender sua população, um trânsito caótico, uma poluição galopante (ainda sem solução) de suas belezas naturais, incapaz de pagar os salários de seus funcionários públicos e aposentados, uma violência urbana fora de controle que assusta moradores, turistas domésticos e do exterior – num momento de inflação, recessão e desemprego galopante, crise institucional, zika vírus, Petrolão, – que dificilmente se enquadra como cartão postal do país e apta a sediar um evento que é deficitário financeiramente e positivo apenas como passageira publicidade do país sede. De certo apenas a reação da população que ao contrário dos eventos anteriores em outros paises sede, tem mais com que se preocupar atualmente do que com as Olimpíadas. Isto pode ser medido pelo fracasso (não divulgado, lógico!) de venda das entradas para a maioria dos eventos inclusive abertura e o encerramento.
Esperamos que realmente Deus seja brasileiro por que o corte nos gastos públicos na área de segurança as vésperas dos Jogos, pode ser ótimo atrativo ao terrorismo islâmico fundamentalista, com possíveis resultados iguais ou piores do que Munique em 72.
O artigo do The Guardian adota a versão oficial petista de um golpe institucional em curso. É lamentável e talvez falha da oposição, que não se faça uma divulgação internacional mais efetiva mostrando a relação entre Mensalão, Petrolão, Lava Jato e o clamor popular pelo fim de um governo que há 13 anos instituiu a Cleptocracia (sistema de governo regido pela corrupção e desonestidade) como modo de se perpetuar no poder. Mostrando que as ruas não querem o fim de Dilma, mas sim do populismo corrupto lulista e seu criador, da impunidade, do desrespeito às Instituições e da Insegurança Jurídica pelo espaço e financiamento dado a entidades como MST e seus similares ao longo dos anos petistas, transformando filibusteiros anarquistas como Stedile em heróis e representantes do povo. As ruas mostram a revolta da classe média em ter 37% de sua renda anual deduzida em impostos para sustentar uma máquina governamental que despoticamente não admite prestação de contas que revele sua falta de capacidade gerencial e os desmandos que inibem o desenvolvimento do país.
Num país onde atualmente o desemprego atinge dois dígitos, a fome e o analfabetismo continuam endêmicos e cidadãos de baixa renda morrem nas filas e corredores de hospitais por falta de tudo – atendimento, médicos, equipamentos e remédios – fica difícil justificar os gastos com os Jogos deixando para trás os investimentos necessários na infraestrutura capazes de promover produtividade e competitividade ao setor industrial do país que gerariam empregos, salários, renda, consumo, produção, mercado interno e PIB numa espiral crescente.
Em 1904, um escritor americano descreveu em uma de suas obras, Honduras, o país para onde tinha ido morar, como República de Banana, onde governos fantoches garantiam a impunidade e os privilégios às gigantes multinacionais de fruta (banana) que ali se estabeleceram, caso da United Fruit Co, hoje Chiquitita, a maior produtora mundial da fruta em questão.
Para findar, é lamentável ver a estratégia antipatriótica desesperada petista em difamar o país no exterior à procura de um improvável apoio internacional à sua permanência ou volta ao poder como o de Hugo Chaves em 2002. O Brasil não é a Venezuela e as forças armadas não estão depondo Dilma ou o PT, mas sim através de um Impeachment que é um processo tão legal e constitucional que o próprio governo Dilma utiliza o Congresso, o Senado e o STF para batalhar sua sobrevivência.
A rede de televisão CNN um dia após a aprovação no Congresso do Impeachment de Dilma, fez um deplorável editorial de 10 minutos através de sua ancora Cristiane Amanpour e o repórter Greenwald acima mencionado, onde o suposto ‘Golpe’ é enfatizado e definido como reação da oposição, da mídia e das classes sociais que não conseguem derrotar o PT nas urnas, assim como o passado heróico da torturada ‘dissidente’ Dilma. Nada é dito seu passado de guerrilheira, sobre corrupção, o escândalo da Petrobras, o enriquecimento ilícito de boa parte da cúpula petista a começar pelo seu mentor, e as pedaladas fiscais que possibilitaram a vitória eleitoral em 2014.
Porém na quinta-feira, dia 28 de maio, Amanpour se redimiu – talvez pela seriedade e respeito que lhe são característicos – indo ao ar entrevista feita com Dilma em Brasília que deve ter deixado petistas em pânico. Foi questionada sobre sua rejeição, sua época de Petrobras e o Petrolão, sobre a nomeação de Lula, as pedaladas da vitória de 2014 e o papel das Instituições no Impeachment.
Pouco explicou e o país abriu distância de Honduras, Bolivarianos e Venezuela.
O estado democrático brasileiro é resiliente – se assim não o fosse, como os opositores de Maduro, Greenwald poderia estar agora de malas prontas para evitar ser preso ou deportado aos EUA onde o FBI está louco para ter uma conversinha particular.

*Economista (USP), mestre em Marketing (Michigan State) e professor das Faculdades Reges.