As Ciências Biológicas estudam as manifestações da vida, englobando os conhecimentos sobre a biologia humana, animal e ambiental a partir dos conhecimentos de biologia celular e molecular. Nesse universo amplo, a Medicina envolve muitas áreas, como a genética, cujo objetivo final é melhorar a qualidade de vida humana e ainda preservar a sustentabilidade do meio ambiente.

Com os avanços da biotecnologia em genômica, foi possível decifrar os enigmas do genoma humano e de plantas. Hoje um dos principais conceitos na área é o de “One Health”, uma única saúde – a do ser humano, dos animais e do meio ambiente. Abre-se assim uma grande avenida em que a possibilidade da interdisciplinaridade e da transdisciplinaridade devem ser o foco para a melhoria da sociedade e condições de vida humana.
Uma pesquisa feita em 2013 pelo Instituto de Política Econômica Aplicada (Ipea) mostra que a Medicina é a carreira que remunera melhor no país e a que apresenta a maior taxa de ocupação. De lá pra cá, a situação não mudou muito. Segundo a Organização Mundial da Saúde, a proporção ideal em um país é de um médico para cada mil habitantes. No Brasil, com cerca de 430 mil profissionais, segundo o Conselho Federal de Medicina, a relação é de dois para cada mil habitantes.
No entanto, o mercado de trabalho para esse profissional está longe de se esgotar. Isso porque há forte desequilíbrio regional: enquanto a população dos grandes centros urbanos conta com grande quantidade de médicos, capitais no Norte e Nordeste e localidades mais distantes, do interior do país, carecem desse profissional. Faltam no interior do país especialistas em áreas como emergência, anestesia, neurologia e cirurgias de alta complexidade, principalmente para atuar pelo SUS (Sistema Único de Saúde).
A base do ensino médico, nesse contexto nacional, é voltada para os avanços das novas e diversificadas tecnologias de diagnóstico e tratamento de enfermidades. Doenças que há pouco tempo eram fatais, hoje são consideradas doenças crônicas, aumentando a expectativa de vida dos pacientes. Além dos avanços científicos, os cursos do País dão cada vez mais atenção à formação humanizada desse profissional, que lida diretamente com as pessoas e suas famílias em momentos de grande fragilidade física e emocional.
A atribuição do médico é atender a maioria da população de uma comunidade, independentemente de sexo e idade, com ênfase nos problemas de saúde mais comuns naquele grupo. Para isso, precisa ter conhecimentos sólidos de como promover a prevenção de doenças e a reabilitação do organismo. Ele pode atuar em instituições públicas do Sistema Único de Saúde (SUS), em consultórios particulares, em convênios e cooperativas médicas ou optar por formar novos médicos, dedicando-se ao ensino e à pesquisa.
Nesse sentido, a Faculdade de Medicina da Unesp, no Câmpus de Botucatu, segue a tendência das melhores escolas do mundo da área ao envolver os alunos em atividades de pesquisa e de atendimento à comunidade. Essa interação inicia-se logo nos primeiros anos do curso, quando são ministradas as disciplinas básicas da área, como Anatomia e Fisiologia Humana.
Os dois últimos anos de graduação são em regime de internato em diversas instituições da região, como a Maternidade do Hospital Regional Sorocabano, o Centro de Saúde Escola de Botucatu, as Unidades Básicas de Saúde de Botucatu, além do Hospital das Clínicas da Unesp e do Hospital Estadual de Bauru, administrado pela Universidade. Como o trabalho no pronto-socorro e no atendimento de urgências e emergências costuma marcar os primeiros anos da carreira, atividades nessas áreas têm sido valorizadas nas disciplinas desse momento do curso.
A Faculdade também oferece programas de residência médica, com duração de 3 a 5 anos, de acordo com a área escolhida. Todos os anos, um concurso público é aberto a médicos de todo o País para ingresso nesses programas.
Para quem deseja prosseguir os estudos, a unidade oferece nove programas de pós-graduação stricto sensu, com mestrado e doutorado, que podem ser cursados ainda durante o período da residência médica.
O curso da Unesp é um dos mais concorridos do País. Para estimular os estudantes de escolas públicas a disputarem as vagas, a unidade mantém um cursinho pré-vestibular para alunos de baixa renda.
Também são realizados diferentes projetos de apoio à comunidade, como um programa de alfabetização de jovens e adultos por meio da educação em saúde. Outras ações de divulgação de temas científicos e de prevenção de epidemias são praticadas pelos alunos, sob coordenação dos professores. Entre os exemplos, destacam-se as campanhas de doação de sangue e de exames de vista.
Na Unesp, em síntese, além de uma formação específica, de acordo com o curso escolhido, busca-se atingir o desenvolvimento técnico e científico, bem como o espírito crítico, e a formação ética e moral para o exercício profissional e da cidadania.

*Reitor da Unesp.