Na semântica, a palavra “temer” pode ser compreendida e empregada em várias circunstâncias. Em boa parte, seu uso exala uma preocupação, ainda mais para os que são curvados ao temor. “Temer alguma coisa”, em determinadas ocasiões, leva o indivíduo a temeridade. Qualquer dicionário à mão induziria o leitor a suscitar sobre os perigos em conjugar o verbo temer. Aliás, este é um verbo que à luz dos acontecimentos atuais não pretende ser conjugado. Ele prefere ser a primeira pessoa do singular, o “eu”. Talvez, valha nessa lógica a primeira pessoa do plural também, desde que o “Nós” não represente o “Tu”.

Necessitamos do antônimo de temer. Em um contexto de desrespeito ao voto, às instituições democráticas e ao sangue derramado por todos que deram suas vidas ou que tiveram elas subtraídas em prol da democracia, se faz a hora dos antônimos. É verdade que temem os antônimos, principalmente diante da necessidade de conjugá-los.
Há um dito popular que diz algo mais ou menos assim: “Quem tem o que perder tem o que temer”. Quem tem o que perder sabe exatamente o preço do medo. A única saída está no despertar à mobilização e à esperança. São essas as nossas maiores virtudes no combate ao medo e a profilaxia indicada contra o “temer”.
Ultimamente, o ato de teimar tem me seduzido mais do que o sentimento de temer, uma vez que este último pode ser vencido e superado.
Mas há quem diga que temer também tem seus temores. O diagnóstico da sua fobia é a massa em erupção. A mesma que trouxe um ministério de volta, derruba ministros e que faz vigílias contra o retrocesso para os trabalhadores e as camadas sociais. A massa não teme, pois o temer não pertence às suas raízes. Os que Cunharam a efígie do temor no país pretendem ainda Cunhar na pele do trabalhador e do estudante outros padecimentos.
Está sendo construída uma ponte rumo ao retrocesso. Este que urge para aqueles que sentiram nos últimos anos a possibilidade de não mais temer e, finalmente, desfrutarem das oportunidades e da busca cada vez maior do equilíbrio social. Entre czares, ditadores, Führer e militares derrotados, a última coisa a se Temer é um vice decorativo liderado por diversas alCunhas.

*Historiador pela Unesp de Assis e pesquisador na Casa de Oswaldo Cruz/ Fundação Instituto Oswaldo Cruz – Rio de Janeiro (FIOCRUZ).