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A melhoria da saúde pública em nosso País é uma questão política e passa obrigatoriamente pelo orçamento na área e pela capacitação da gestão e a valorização dos profissionais, acompanhada de melhor estrutura física e social. Todos estes investimentos são fundamentais para iniciar melhorias neste setor prioritário da sociedade.
Parte dos profissionais se vê adoecida no trabalho em virtude da precariedade no sistema e isto reflete no atendimento. É importante a garantia do acesso da população mais carente a um bom atendimento, pois ter saúde é essencial e o governo tem que ter a percepção de proporcionar bem-estar, pois é um direito primordial para o desenvolvimento da economia brasileira. Definições de regras, gerenciamento e investimento, salários e qualificação condizentes à função desempenhada pelos profissionais são fatores preponderantes para o sistema de saúde funcionar no Brasil.
Boas iniciativas e investimentos são as melhores formas de atacar as dificuldades em saúde pública. Um dos principais problemas da saúde no Brasil é a indefinição das regras que regulam seus serviços. O sistema de saúde é feito de iniciativas que morrem à míngua, com contratos malfeitos, pouco fiscalizado e composto de equipes profissionais pouco especializadas e mal remuneradas.
Temos excelentes programas brasileiros de saúde, inspirados nos melhores exemplos do exterior e feitos de acordo com a nossa realidade. No entanto, eles param no meio do caminho e não superam nem os primeiros desafios. É preciso que a saúde se torne, de uma vez por todas, uma política dos Estados e municípios e não só do Governo Federal.
Embora a concepção do sistema de saúde brasileiro seja elogiada no exterior, o seu funcionamento, criado há 23 anos por meio da Lei Orgânica da Saúde, ainda está longe de satisfazer os anseios da população. Tanto que as carências na área são um dos pontos da imensa pauta de reivindicações que tem levado milhares de brasileiros às ruas.
A nossa Constituição diz que a saúde é um direito de todos e dever do Estado. Mas não é isto que estamos assistindo. Para os afortunados, que podem pagar um plano de saúde, estes, sim, conseguem assistência médico-hospitalar, mas o que vemos nas mídias são pessoas em filas e mais filas para conseguirem um atendimento. Se é um direito que toda pessoa tem, então devemos cobrar do governo que faça valer que a população mais carente tenha o mesmo direito dos afortunados, que pagam caro por uma saúde que deveria ser de graça. Afinal, o SUS é um sistema de saúde, que, se bem gerido, seria um exemplo a seguir. O SUS tem que ser ‘alimentado’ para funcionar como foi objetivamente proposto.
Programas com tendências eleitoreiros em nada acrescentam. De acordo com dados de 2014 do Banco Mundial, o Brasil investe 8,3% do Produto Interno Bruto (PIB) na área da saúde, abaixo da média mundial, que é de 9,9%. Em investimento no setor, o País está abaixo de países como Nicarágua, Honduras e Uruguai em porcentagem. Investimento em melhores salários, equipamentos em estabelecimentos de saúde e formação profissional atualizada são essenciais para que se possa oferecer assistência médico-hospitalar de qualidade à população, caso contrário a saúde vai continuar em crise.
*Presidente do Sindicato da Saúde Campinas e Região.
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