Quando falamos em política, as pessoas imediatamente associam esta palavra à desonestidade, corrupção, ao roubo. No imaginário popular, honestidade e política jamais dividiriam o mesmo espaço. Por que isso ocorre? Qual a origem dessa depreciação do ofício político?
O significado etimológico da palavra política é derivada do grego politikos, “relativo ao cidadão ou ao Estado”. Portanto, a política se refere a toda nossa organização enquanto civilização, a partir do surgimento do Estado, ou seja, todas as derivações do Estado, sejam elas boas ou ruins, são resultados de deliberações políticas.
O que determina se a natureza da política é boa ou ruim? Os indivíduos que tomam essas decisões. Como diz o ditado “Não é a arma que é acusada de assassinato, mas a mão que a manejou ”ou “A natureza da árvore é identificada por seus frutos”. Isto é, as decisões políticas são o reflexo do interior dos que as tomam.
Nesse sentido, a política deve ser compreendida apenas como um instrumento que, segundo o Compêndio da Doutrina Social da Igreja, deve ter a pessoa humana como seu fundamento e fim. Deve estar pautada não no “eu” que exerce o mandato, mas no “nós” que o delegou tal encargo.
Na essência de sua existência, a política é profundamente boa e necessária, pois se estabelece como via pela qual se efetiva a “caridade social”, como expressava o Papa Pio XI, rumo ao nascedouro da Civilização do Amor, prenunciada por Paulo VI, quando o Estado age em função do bem comum, em defesa da vida e da integridade dos que estão mais vulneráveis e desprotegidos.
Todos devemos, sim, buscar informação, esclarecimento, apropriarmo-nos das realidades sobre o que acontece politicamente em nosso país e no mundo. Isso, de forma alguma, tira a nossa atenção primeira do céu. Mas, como cristãos, o mundo espera de nós posturas centradas e de discernimento.
Acredito ser parte de nossa vocação de batizados ocuparmos, de forma cristã, todos os espaços da sociedade onde somos plantados por Deus para frutificar, dando testemunho do que essencialmente nos caracteriza: a nossa fé no Ressuscitado!
A política a que somos chamados a participar não é, necessariamente, partidária, muito embora se o for, o partido deve representar, em seu estatuto e diretrizes, os valores da sã doutrina. Não nos deixemos instrumentalizar por agendas partidárias a favor do aborto, da ideologia de gênero, do marxismo cultural e de tantas outras vertentes, que negam a essência do Evangelho de Cristo.
Você recorda dos seus últimos votos para os cargos de prefeito e vereador? Quais projetos seus candidatos apresentaram? Eles representam seu voto? Nossa participação política precisa ser consciente!
Se você, como cristão católico batizado, é vocacionado a exercer um cargo eletivo, o faça de forma santa e coerente. A presença do mal não pode afugentar os bons. Não tenha medo dos rótulos, dos preconceitos, pois a luz sempre vence as trevas.
Nossa bandeira é Cristo! Onde quer que estejamos, façamos o que fizermos, sejamos discípulos seguidores do Mestre. “Eu vos envio como ovelhas no meio de lobos. Sede, pois, prudentes como as serpentes, mas simples como as pombas” (Mt 10,16).
*Historiador, Mestre em Ciências da Educação e membro da Comunidade Canção Nova.