O ambiente pede socorro porque a crueldade é a regra. Em grande escala e também nos mínimos gestos de quem, ao passar por uma rua, arranca um galho de árvore sem se dar conta da agressão. Ou de quem continua a caminhar com seus cachorros e transformando vias públicas em banheiro pet. Como a de quem arremessa bitucas de cigarro, papeis e tudo o que parece não mais servir, para entupir os bueiros das cidades cada vez mais sujas, pichadas e abandonadas.
Mas há coisas que podem ser feitas que poderiam mudar o panorama. Estamos iniciando a primavera. As cidades ainda têm árvores com sementes que não são recolhidas e caem ao chão, destinando-se à absorção natural, sem que se cumpra a sua vocação de germinar. Por que não estimular as pessoas à recolha dessas sementes e transformá-las em mudas para o replantio? Isso poderia ser feito pelas escolas, por orientação de um professor de biologia, que ensinaria seus alunos com evidente vinculação com a realidade, se eles fossem estimulados a colher sementes, semeá-las, ver a germinação, acompanhar o crescimento e depois destiná-las a tornar as cidades menos desumanas. Formar viveiros é alguma coisa que custa pouco. Para isso existem embalagens do leite e dos sucos, as garrafas pet e tudo aquilo que vai engrossar o enorme volume dos resíduos sólidos que a sociedade produz de forma crescente e acelerada.
Formar canteiros em escolas, formar pomares, pequenos bosques dentro da escola ou nas imediações, tudo isso tornaria o zelo em relação ao ambiente muito mais do que um comando legal, mas uma prática bem-sucedida. Com a vantagem de que jovens acostumados a respeitar o ambiente com certeza também respeitariam o próximo, os bens públicos e privados e cresceriam com outra noção do que venha a ser civilidade. Nada custa despertar a criança e o jovem para a educação ambiental, com foco na ética ecológica, postura própria a uma verdadeira civilização em pleno curso ascensional.
*José Renato Nalini, é secretário da Educação do Estado de São Paulo