Durante séculos, legislaturas e parlamentos têm tentado assegurar a paz. Em tempos idos, líderes como os Césares, Constantino, Carlos Magno, Napoleão, os “czares” do oriente, e os reis do ocidente, todos, cada um em sua época, prometeram paz duradoura. No entanto, todos falharam. Por décadas se proclamam audaciosos planos de unidade e irmandade global: Bruxelas, Nova York, Genebra, Tóquio e Washington, D.C., foram sedes, ao longo dos anos, de movimentos em prol da paz. Entretanto, não existe paz universal, e o mundo se cansa de promessas vazias. O mundo está num caos tão desesperador, durante tão grande parte de tempo, que cada um de nós se pergunta: Seria a paz uma mera ilusão?
O homem a cada dia que passa se escraviza em ações que coloca em risco a própria existência humana. É inegável que estamos vivendo perigosamente nos limites da irracionalidade, isto é, estamos na contramão da razão. Pode-se constatar, a olho nu, que “o mundo inteiro” de forma generalizada, não acredita que possamos reverte essa situação caótica, em que o homem se meteu, pelo prisma da razão humana. O entendimento racional, que, deveria ser útil no processo da compreensão última da vida, desmoronou total e cabalmente, pois o que pontifica, entre nós, são atitudes não racionais do homem. Uma loucura. Não, uma loucura qualquer da antiga canção do Nelson Gonçalves. É estupidez mesmo!
Vivemos literalmente num mundo faminto, caótico e sem paz, há lampejos de tranqüilidade, mas a paz no mundo é utópica. Assim sendo, na presente hora, todo homem tem de ser o seu próprio guardião, armado seja do que for, pronto para a defesa e, ainda, capaz de assistir impassível a todo e qualquer derramamento de sangue. As guerras no Oriente Médio e os atos terroristas estão aí bem presentes no nosso dia a dia, para testificar o que digo. Essas guerras e suas conseqüências são intermináveis, uma vez que agem como um impiedoso eliminador dos povos fracos. São maléficas, porque politicamente estimula investimentos na invenção e criação de novas e sofisticadas armas, sob a mentira de se tornarem, mais tarde, em instrumentos úteis. Em meio a toda essa “sorte” de desgraças estamos nós povos afetados por essa idiotice generalizada.
Por causa dessa crueldade desumana, a relação entre os homens está seriamente comprometida; a convivência nos centros urbanos, principalmente, tornou-se um caos, uma desordem social que tende a se agravar; não temos princípios, nossos valores são decadentes, “aniquila-se o homem e a mulher, destrói-se o idoso e a criança”. Guerras particulares entre os indivíduos. Os homens podem e devem fazer o bem; ouvir a voz da razão, mas preferem fazer o mal.
Essa moléstia moral é a minha impiedade contra o meu próximo. É o homem na contramão da razão permeando o seu habitat natural com o mal moral que é o que traz maior desgraça a existência humana. Conclusão óbvia, pois que se forem retirados os sofrimentos infligidos aos homens pelos homens, veríamos que sobraria pouca aflição no mundo. Nesse caso, resta esperança para nós mortais?
O Karl Barth (1886-1968) em dias pretéritos, quando visitou as Nações Unidas, fez um pronunciamento sobre as “guerras” avaliadas pelo prisma da filosofia escatológica. Disse eminente teólogo suíço: “A guerra é uma missão ou o desfecho de um drama. O drama dos fins dos séculos, afinal é escatológico. A organização internacional poderia ser uma parábola terrestre do reino divino, mas a paz verdadeira não será feita aqui, embora possa parecer uma aproximação. A paz será feita pelo próprio Deus, ao final de todas as coisas.”
Enquanto aguardamos esse reino escatológico de paz, instituído por Deus, que deixemos de acusar o próprio Deus ou de especular sobre a origem demoníaca do mal, e que atuemos ética e politicamente, contra o mal, em busca da paz. Que, vislumbrada pela postura fascista dos governantes mundiais, é uma verdadeira ilusão. Nada além de uma grande ilusão!

*Francisco Assis dos Santos, Pesquisador Bibliográfico em Humanidades