Apesar das previsões pessimistas para a economia em 2017, ventos sopram a favor da recuperação. Trata-se da liberação das contas inativas do FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço). São 41,4 bilhões de reais liberados para saque de 10 milhões de brasileiros aproximadamente. Isto pode refletir num aumento de 0,4% do PIB (Produto Interno Bruto) entre 2017/2018.
A liberação do FGTS para trabalhadores demitidos por justa causa ou que pediram demissão, pela regra antiga, era autorizada após 3 anos sem recolher o Fundo. No momento, os trabalhadores, cuja rescisão foi feita até dezembro de 2015, poderão sacar o benefício nos próximos meses. O primeiro lote está previsto para março/2017.
O dinheiro gera a oportunidade de aquecer a economia. Contudo, ainda há muitos brasileiros endividados. Nestes casos sugere-se que o pagamento ou a amortização das dívidas sejam priorizadas, além do restabelecimento da poupança (ou outro investimento) para depois se pensar em consumo.
As empresas, por sua vez, farão movimento contrário: os esforços serão para atrair estes recursos do FGTS para seus respectivos fluxos de caixa. Nestes casos, a cautela deve reinar nestas organizações e, quando os crediários forem próprios, sistemas eficientes de créditos e cobranças devem ser criados ou aperfeiçoados.
No âmbito do governo, de forma geral, pode-se afirmar que, além da arrecadação de impostos, as reservas contam com três poupanças. A primeira é constituída das poupanças da população/empresas, a segunda é composta pelo dinheiro de investidores estrangeiros e a terceira deveria vir da economia feita pelo próprio governo, gastando menos do que se arrecada.
Tendo em vista que, segundo o procurador da República Deltan Dallagnol, a corrupção desvia, por ano, 200 bilhões de reais. O dinheiro público bem administrado, isento de corrupção, em tese, poderia prover os serviços necessários à população e gerar a terceira poupança. A realidade é que o governo, mesmo em época de “vacas gordas”, tem gastado todo o dinheiro arrecadado e se endividado ainda mais. Portanto, a terceira poupança simplesmente não existe.
Obviamente que linhas de financiamentos não são proibidas, pelo contrário, são necessárias ao desenvolvimento do país. Todavia, as mesmas devem ser feitas com critérios éticos, mediante planejamento, avaliação de riscos, organização e com a segurança de reservas capazes de suportar imprevistos e dificuldades geradas em épocas de incertezas.
* É consultor de empresas, professor executivo/colunista da FGV/ABS (FGV/América Business School) de Presidente Prudente.