Dificilmente houve momentos tão eletrizantes, cheios de nuances e repletos de surpresas na política americana como nos últimos meses e estar aqui para degustá-los tem sido um privilégio não programado.
As batalhas do mundo moderno não se travam mais apenas no ar, mar e terra, aliás, poucas chegam a este estágio porque antes sucumbem na mídia, nas redes sociais, na propaganda – a batalha agora é pelos ‘hearts and minds’ ou o convencimento das massas pela informação (fictícia, manipulada, financiada e dificilmente verdadeira) agora globalizada ou sem fronteira.
Não é de hoje que isto acontece e teve seu inicio no conflito do Oriente Médio. Depois de serem derrotados em varias ‘guerras’ ( 48, 56,67,73 …) os árabes começaram a investir pesadamente – e nisto foram seguidos pelos ‘Palestinos’ – numa campanha que se estende já há algumas décadas, de mobilizar a opinião pública mundial contra o Estado de Israel. Pouco importa a supressão de fatos ou sua distorção – o fundamental é repetir mentiras até que se tornem verdade – como dizia o mago da área na época nazista – Göebbels. O sucesso começa finalmente para estes investidores a aparecer nos últimos anos depois de décadas de desinformação – as chamadas ‘fake news’ ou noticias fabricadas.
Numa época de genocídio na Síria entre Sunitas e Xiitas, envolvendo Iranianos, Russos e Sírios contra Sauditas cujo único interesse comum é acabar com o Estado Islâmico, denominação surrealista de uma facção ultra-conservadora muçulmana que consegue ameaçar a todos – a ONU através do Conselho de Segurança, da Unicef e do Alto Comissariado de Refugiados consegue aprovar em apenas 2 anos 73 moções contra Israel e apenas 3 contra o regime de Assad que sabidamente bombardeia com armas químicas seu próprio povo da oposição.
As Universidades Inglesas e Americanas são agora os alvos principais deste financiamento porque jovens são sempre mais fáceis de serem manipulados e influenciados. Através deles e de professores de esquerda altamente bem remunerados, criaram algo nas linhas da oposição ao regime da África do Sul que ajudou a promover as mudanças que levaram o país a abandonar o segregacionismo racial por uma sociedade multicultural. A sorte é que o país resgatou um gigante carismático como Mandela para comandar a transição, caso contrario poderíamos ter tido uma outra Rodésia – Zimbábue onde a expulsão quase total dos brancos levou o país à total bancarrota que se estende até hoje. Criaram em 2005 o chamado BDS – Boicote, Desinvestimento e Sanções que se não foram assim tão vitoriosos, aparecem como a melhor definição viva mais bem sucedida do ‘fake news’.
Nele professores universitários de Israel são boicotados e impedidos de dar palestras nestes campus, empresas de Israel tem a venda de seu produto dificultada e pedidos, abaixo assinados são enviados a governantes pedindo sanções contra Israel. Chamam o país de imperialista, fascista e racista, exigindo a saída de Israel dos territórios ocupados após a guerra de 67. É bom lembrar que nesta Guerra de 6 dias, 10 paises árabes armados até os dentes pelos tresloucados da antiga União Soviética (que queria tirar o Ocidente do Oriente Médio) proclamavam aos 4 ventos pelo radio e tv que iriam em poucos dias destruir Israel e jogar todos os judeus que sobrevivessem no mar… sem contar que na época não haviam territórios ocupados, colônias judaicas na Cisjordânia ou qualquer outra reclamação contra Israel a não ser sua própria existência, jamais aceita por árabes, iranianos e organizações terroristas palestinas. Devolver Gaza criou um mini ‘estado’ terrorista. E na Cisjordânia… Seria diferente?
Chamar Israel de racista quando o Estado Judeu resgatou a algumas décadas mais de 20 mil judeus negros da Etiópia (pagando por cada um deles ao governo local) hoje integrados em todas as áreas da sociedade israelense. Antes disso mais de 50 mil foram tirados do Iêmen, Iraque, Marrocos, Argélia, Síria, e Egito… Pior que isto só chamar de fascista a única nação moderna que ostenta desde seus primórdios a mais de 100 anos, experiências socialistas bem sucedidas que são os Kibutzim – as fazendas coletivas – ainda hoje a maior fonte de renda e produção da área agropecuária local.
Não é coincidência que Trump e Bibi Netanyahu aparecem sorrindo na Casa Branca – ambos têm muito em comum. Trump após vencer por uma maioria desmoralizadora no colégio eleitoral as eleições do ultimo mês de Outubro, continua a enfrentar a oposição ferrenha da esquerda liberal e seus braços de atuação – a imprensa e o pessoal das artes (de Madona a Merryl Streep) – algo que era previsto, mas não na escala atual. A repercussão se dá também no Brasil, via correspondentes ansiosos por um fracasso (quem sabe um impeachment) de Trump que possa justificar o embaraçoso erro de avaliação que tiveram ao apostarem todas suas fichas na ‘barbada’ Hillary Clinton.
Estas últimas 48 horas foram fantásticas. Trump demitiu seu secretario de segurança nacional por não ter respeitado a cadeia de comando ao conversar diretamente com representantes de Putim, passando por cima do Vice Presidente a quem devia pedir permissão e informar progressos na empreita. CNN(Clinton News Network…) NY Times, Washington Post e seus pares menores voaram na jugular produzindo as ‘fake news’ que iam desde ameaça a segurança nacional até manipulação na derrota eleitoral de Outubro, passando por uma analogia a Watergate. Puro histerismo… FBI e outros órgãos de segurança já se cansaram de afirmar que não existe nada que comprove estas afirmações. O que os democratas esqueceram de pedir foi uma investigação sobre como as conversas do General Flynn chegaram nas mãos da imprensa, isso sim uma questão de segurança nacional.
Enquanto isto Trump seguia em seu próprio avião, pago com o dinheiro de sua campanha até a sede da Boeing na Carolina do Sul onde os novos Boeing 787 Dreamliner são construídos, para discursar num comício para milhares de trabalhadores onde reafirmou que a política oficial de Washington agora é produzir nos EUA, criar emprego nos EUA para trabalhadores americanos. Isto continua sendo musica aos ouvidos da classe media onde segundo ultima pesquisa 56% já apóiam o governo Trump e mais de 60% acham a imprensa mal intencionada contra Trump e nela pouco confia – para desespero dos comentaristas da ABC, MSNBC, CBS e…logicamente CNN que despencou na credibilidade depois que sua diretora Donna Brasile foi pega pelo Wikileaks passando as perguntas do debate presidencial antecipadamente a Clinton.
Poucos noticiaram, mas o único grande jornal imparcial – o Wall Street Journal – teve nesta semana uma pequena rebelião de jornalistas que exigiam que o jornal tivesse uma postura anti-Trump como seus colegas de bairro (NY Times). O editor chefe reuniu todos e numa mensagem vinda direta de Murdoch – CEO e dono do jornal, empresário e amigo de Trump – informou que a linha editorial continuaria sendo imparcial sem preconceitos e quem não estivesse contente poderia pegar o boné e ir para o outro jornal do bairro…!
Trump escolheu para Secretaria do Meio Ambiente Pruett, um promotor de Oklahoma que já processou a EPA (Agencia de Proteção Ambiental) várias vezes. A imprensa desceu o cacete, mas Pruett tem como objetivo acabar com agenda política deste departamento que hoje conta com 15 mil funcionários, que à moda brasileira se dedicam a tornar a atividade empresarial o maior inferno possível – das minas, dos gasodutos, da exploração do petróleo às reservas florestais, naturais e indígenas – tudo que tem resultado até pouco tempo na dependência externa do país em energia e combustíveis alem de desinvestimento e desemprego.
Não lembro de CNN e outras grandes redes (fora a Fox) terem noticiado ou comentado que aqui na Califórnia liberal e democrata até a orelha – onde Clinton conseguiu boa parte da vitória nacional em votos – o governo estadual de Brown foi avisado 5 anos atrás de possíveis problemas estruturais na Usina Hidroelétrica de Oreville que poderiam ameaçar cerca de 200 mil habitantes das redondezas e nada fez. (Será que lembra Mariana?) Após evacuar a população e fazer reparos de emergência, o ‘cara de pau’ pediu ajuda financeira ao governo federal mesmo após ter dado uma sonora, arrogante ‘banana’ aos decretos de Trump relativo às ‘cidades santuário’ e os imigrantes ilegais…
As guerras de hoje são na mídia e a má vontade dela aqui com Trump fica cada dia mais embaraçosa e evidente, mas a ‘maioria silenciosa’ ainda consegue fazer mais barulho e afinal, são eles que tocam este país, não o pessoal de Hollywood ou Fleet Street (sede dos grandes jornais de New York).
Sorry Blinder, Mainardi e Lucas Mendes… saudades de Paulo Francis… Ele ia se divertir!!!
*Professor das Faculdades Reges.