Originário da América do Sul, o urucum (Bixa orellana) é um arbusto que produz sementes das quais se obtêm muitos benefícios. Na indústria alimentícia, o urucum é utilizado para a extração de corantes naturais que são utilizados em produtos alimentícios, como laticínios e bebidas. Na saúde, o urucum é usado em produtos farmacêuticos, como pomadas para feridas de difícil cicatrização, sendo indicada para tratamento de feridas de pacientes com diabetes, queimaduras e dermatites.
O cultivo do urucum ainda gera empregos e renda, inclusive na Nova Alta Paulista, maior região produtora de urucum do estado de São Paulo. Nessa região, em 2015, a produção de urucum foi de 125.340 kg e, em 2016, de 132.780 kg, com destaque para o município de Monte Castelo, que apresenta cerca de 80 produtores de urucum.
Visando aumentar os índices de produtividade, os produtores tem buscado cultivares de urucum que propiciem maior produção de frutos e teor de bixina nas sementes. Um outro fator que pode ajudar é o atendimento da demanda de agentes polinizadores dessa cultura.
A polinização é realizada pela transferência do grão de pólen da antera, órgão reprodutor masculino, para o estigma, órgão reprodutor das flores. Desta forma se dá a fecundação e, consequentemente, a formação do fruto. No caso do urucuzeiro, é necessário que ocorra a polinização cruzada, que implica na troca de pólen entre a antera de uma flor para o estigma de outra flor.
Os principais agentes polinizadores são os insetos, com destaque para as abelhas. No mundo, existem mais de três mil espécies de abelhas. As mais conhecidas são as abelhas melíferas, popularmente conhecidas como “abelha europa”. Elas foram trazidas da Europa para o Brasil a partir de 1839. Em 1956 foram trazidas abelhas melíferas de uma raça africana que se acasalou com as europeias que aqui já se encontravam, dando origem ao híbrido conhecido como abelha africanizada. Porém, no Brasil, há centenas de espécies de abelhas nativas, as quais são eficientes agentes polinizadores de diversas culturas, inclusive do urucum.
A polinização do urucum é otimizada por abelhas que conseguem realizar vibrações das anteras, promovendo a liberação dos grãos de pólen do seu interior e algumas abelhas nativas realizam esse tipo de polinização de forma eficaz. Vale lembrar que o urucum é uma cultura típica da Amazônia e o seu cultivo em outras regiões pode ser prejudicado pela ausência de agentes polinizadores.
Entretanto, num trabalho de pesquisa sobre a biologia da polinização de urucuzeiros cultivados na Nova Alta Paulista, conduzido pela aluna de zootecnia da UNESP, Câmpus de Dracena, Alessandra L. Santos, que foi orientada pelo prof. Dr. Daniel Nicodemo, verificou-se que as abelhas melíferas africanizadas também realizam eficientemente o processo de polinização no urucum.
Sendo assim, mesmo na ausência dos polinizadores originais dessa cultura, é possível produzir urucum se as abelhas melíferas visitarem as flores dessa cultura. Portanto, ambos os tipos de abelhas são importantes para o aumento da produção de sementes, favorecendo a obtenção de boas safras pelo produtor rural.
Os produtores rurais precisam conhecer tais insetos e saber como manejá-los, tornando possível a presença de abelhas no campo com práticas agrícolas amistosas aos insetos. Dessa forma, há ganhos ecológicos, pela preservação da natureza, econômicos, pelo aumento da produção de urucum e sociais, pelo estímulo à fixação do homem no meio rural, fortalecendo assim o desenvolvimento sustentável de nossa região.
*Graduanda do curso de Zootecnia e integrante do NOS – Núcleo de Operações Sustentáveis da UNESP, Câmpus de Dracena.