Quando me perguntam de onde tiro tanto otimismo em meio à crise, a resposta é simples. Em vez de reclamar, trabalho, confio e sigo em frente! Os dois últimos anos foram realmente difíceis para o mercado imobiliário, assim como para diversos outros setores, mas há razões para acreditar que 2017 será marcado como o ano de início da retomada.
Diversos indicadores mostram que, apesar do conturbado ambiente político, a situação econômica vem melhorando gradativamente. Dentre outros, vale destacar o índice do Banco Central que mede o ritmo de crescimento da economia (o IBC-Br) e que serve para antecipar a tendência do Produto Interno Bruto (PIB). O indicador avançou 1,31% em fevereiro, surpreendendo o mercado financeiro, que projetava algo em torno de 0,55% para o segundo mês do ano. Uma boa notícia, sem dúvida.
Além disso, apesar de o nível de desemprego se manter elevado, setores da indústria registraram a abertura de novos postos de trabalho no primeiro trimestre, o que demonstra confiança por parte dos empresários e uma nova perspectiva para a população. Apesar de positivo, este resultado não é insuficiente, levando em conta que tantos outros setores, dentre os quais o da construção, ainda apresentam redução no volume de empregos e dependem de estímulo para retomar investimentos.
O alinhamento político que mantemos com o setor público municipal, estadual e federal, tem nos permitido comprovar a importância do nosso setor no sentido de reduzir o desemprego, um dos indicadores, que, infelizmente, ainda não apresentou uma reação mais consistente. Mais de 14 milhões de pessoas continuam sem emprego no País e a solução passa, necessariamente, pela indústria imobiliária e da construção.
Este relacionamento transparente com as diversas esferas do poder público tem como objetivo, ainda, reduzir a burocracia, agilizar aprovações e garantir celeridade em processos de licenciamento. Sempre com indispensável fidelidade e respeito à legislação, buscamos propor ações factíveis, simples de aplicar, sem ônus para os cofres públicos, mas que contribuem para melhorar o ambiente de negócios – algo que os empreendedores brasileiros precisam com urgência.
Estamos fazendo nossa parte também nas questões mais abrangentes e urgentes, justamente por acreditar num Brasil melhor. Recentemente, mais de 25 entidades de classe da indústria imobiliária, da construção, de comércio e serviços, se uniram e declararam apoio à reforma da Previdência e à modernização da legislação trabalhista.
Entendemos que, neste momento, é necessário um envolvimento patriótico das lideranças, dos empresários, dos cidadãos, para que sejam vencidos os desafios que constam da pauta emergencial do governo federal e que passam pelo Congresso Nacional. A aprovação da PEC do Teto de Gastos Públicos já foi um avanço importante. Mas, para que a medida tenha um resultado efetivo, é fundamental que as reformas sejam aprovadas, principalmente a previdenciária, que ocasiona um enorme déficit para o Brasil.
Quanto à reforma tributária, particularmente, acredito que só deve ser discutida quando for possível reduzir impostos. A sociedade não pode aceitar o aumento de impostos em qualquer nível de governo, sobretudo em um momento em que se busca recuperar o fôlego da economia por meio do incentivo aos setores produtivos.
Estamos encerrando um período difícil e temos de estar prontos para um novo ciclo que, com certeza, será bem melhor. Sob a ótica empresarial, o momento é de preparação, de se planejar para a reativação da economia. De olhar para as oportunidades que, no caso do nosso setor, estão concentradas no atual déficit de seis milhões de moradias e da necessidade de produzir mais de 14,5 milhões de novos domicílios para atender a demanda dos próximos 10 anos.
O Brasil depende da indústria imobiliária para voltar a crescer. E nós estamos dispostos a trabalhar para que isso aconteça.
*Presidente do Sindicato da Habitação do Estado de São Paulo (Secovi-SP)