Conhecido como o período em que o Legislativo suspende as atividades e sessões parlamentares, o recesso já foi, no passado, mais longo, hoje próximo de 50 dias e, portanto, muito acima dos 30 dias por ano que o trabalhador tem direito.
São vários os temas que deveriam ser alterados através de uma reforma política, mas o recesso já deveria ter acabado. Entendo que 15 dias nas festas de fim de ano já seriam mais do que suficientes para os cidadãos que se dispõem a trabalhar representando o povo (vereadores e deputados) e os Estados (senadores).
Neste período, estamos vivendo um ano de oportunidade única para reformas estruturais e importantes que precisam ser bastante discutidas para que, com celeridade, tragam mais competitividade para o país. Não é crível que, no momento em que mais se precisa da participação parlamentar, se inicie mais um período de recesso e as casas legislativas parem, em algumas semanas, as atividades.
A suspensão, em todo o país, deste recesso talvez ajudasse a melhorar o enorme desgaste da classe política brasileira, pela necessidade do trabalho e pela justiça. Muitas outras medidas deveriam ser tomadas para sinalizar à população de que a classe política está ouvindo o clamor das ruas e entendendo a importância de pequenas e grandes mudanças. Aproveitar o cenário propício para reformas e, com mudanças estruturais, melhor fazer uso dos recursos públicos e da representação.
O país pede por mudanças na forma de se fazer política e são nos momentos de crise que mudanças significativas podem e devem ser feitas, como o número excessivo de partidos, o desequilíbrio na representação do Estado de Roraima e São Paulo (menos e mais populosos respectivamente), o voto distrital, e a constante diminuição dos custos financeiros das campanhas.
E por que não discutirmos o tamanho e inchaço do Estado, único no mundo com uma Justiça do Trabalho, número de funcionários crescentes, número excessivo de ministérios. A falta de recursos exige, hoje, de nossos governantes o bom uso do orçamento público. E na contramão de tudo isso vários projetos de leis, entre eles, o de criação de mais dois Estados para a federação (Tapajós e Carajás).
Apenas com a diminuição do Estado e com mais respeito aos recursos públicos será possível diminuir a enorme carga tributária que temos no país e sem a contrapartida dos serviços públicos, onde temos um sistema de saúde precário e um sistema educacional que não remunera adequadamente nossos professores.
Principalmente nas cidades do Nordeste um clima de insegurança crescente vem, a cada ano, afastando turistas e deixando nossas cidades em clima de guerra.
O que menos precisamos hoje é do recesso parlamentar. Para sairmos desta crise, com mais de 14 milhões de desempregados, o único caminho é o do trabalho com dedicação e seriedade de todos nossos governantes.
Espero que de forma exemplar e positiva comecem as casas legislativas, em todos os níveis de governo, a demonstrar que estão dispostas a enfrentar, com trabalho, todas as dificuldades econômicas em que as cidades, os Estados e a união se encontram.
O viés acredito que seja de melhora do cenário, mas precisamos cobrar e trabalhar para que os indicadores econômicos continuem a melhorar e que este difícil momento histórico logo acabe e que mais um ciclo de crescimento econômico se inicie rapidamente.
*Presidente do Sindicato da Habitação do Estado de São Paulo (Secovi-SP)