Há alguns anos temos vivenciado a incorporação de um novo personagem na nossa vida: os smartphones. Não há como negar que o desenvolvimento tecnológico desses dispositivos, com aumento de sua capacidade de processamento e facilidade de transportá-lo, tornou-o um fiel companheiro para nossa vida.

Além disto, o crescimento da oferta de smartphones de diferentes modelos e preços, tornou-os mais acessível à população que, aliado a crescente disponibilidade de acesso, fez com que os usuários elegessem o smartphone como meio mais utilizado para acessar a internet desde 2014. Seja na rua ou em casa, ele tem se tornado nosso pequeno companheiro de todas as horas.
Hoje usamos o nosso pequeno companheiro não só para diversão, jogos, redes sociais, e para ler jornais e e-mails, mas também para resolver nossa vida, realizar transações bancárias e compras, solicitar um transporte, etc. E isto só tornou-se possível porque houve um desenvolvimento massivo de aplicativos que atendessem diferentes propósitos. Afinal, o smartphone é o hardware. É preciso alimentá-lo com softwares para que ele tenha vida.
Mas será que esses aplicativos são desenvolvidos considerando a nossa boa relação com esse pequeno companheiro? Será que há um olhar para a experiência, que eu, tu e eles, todos nós usuários desses aplicativos teremos de fato? Sim, os aplicativos usualmente são simples de serem utilizados. Afinal são criados e desenvolvidos para atenderem propósitos bem específicos. Mas a simplicidade de uso, que pode ser considerada a usabilidade da aplicação, é apenas um dos fatores que tem impacto na nossa experiência. A experiência prazerosa de um usuário com um aplicativo envolve muito mais do que design de telas simples.
A experiência do usuário ou UX (User eXperience) engloba todos os aspectos relativos ao uso e que agregam e trazem valor ao dia a dia de quem usa. Don Norman, reconhecido profissional na área de UX, argumenta que é um erro considerar que interfaces bonitas são suficientes para que haja uma boa experiência do usuário. Quem cria os aplicativos deve ter em mente que a satisfação e a motivação são primordiais para que o usuário enxergue a vantagem de uso.
No caso dos aplicativos para smartphones, a UX deve ser estudada a partir de diferentes lentes. É importante lembrar que nosso pequeno companheiro pode ser usado em qualquer lugar e a qualquer hora. Assim, é preciso considerar qual é o melhor meio para entrada e saída de informações de acordo com o contexto que está sendo utilizado. Enquanto caminha e usa o dispositivo, pode ser complicado ao usuário digitar ou ler informações. Talvez naquele momento, falar e ouvir permita que ele tenha um menor número de erros e, consequentemente, sinta que o aplicativo pode atendê-lo em diferentes momentos do seu dia. Luminosidade da tela, tamanho de imagens e letras também influenciam no conforto e na satisfação em utilizar. Eu, tu e eles podemos não ter acesso a rede móvel ou rede sem fio o tempo todo. Às vezes é necessário o uso sem estar conectado.
Parece simples, já que os smartphones atuais trabalham com todos esses recursos. Sim, nosso pequeno companheiro possui esses recursos. Mas seus aplicativos nem sempre aproveitam toda a tecnologia disponibilizada pelo hardware de forma a nos prover uma experiência mais agradável e adaptável ao local e momento de uso. Além disto, a boa experiência do usuário requer liberdade. Liberdade para que eu, tu e eles possamos fazer escolhas do que desejamos ou não usar no aplicativo de acordo com o que julgamos a nossa boa experiência de uso.

*Professsora doutora- UFSCar (Sorocaba)