Precisamos compreender que a direita não se resume a uma coisa só. Nem a esquerda se resume a uma única bandeira. É mais complexo que isso. A esquerda não é apenas o comunismo. Tal como a direita não é apenas o capitalismo.
É possível ser de esquerda sem ser comunista: pode-se ser anarquista ou apenas socialista. Ou, mesmo, pode-se não aceitar nem comunismo, nem anarquismo, nem socialismo, mas ainda assim ser de centro-esquerda: fazendo oposição aos valores da direita, ou seja, defendendo o interesse coletivo antes do interesse individual (seja na esfera moral/jurídica ou econômica).
É possível ser de direita sem ser nazista: pode-se ser liberal. Ou, mesmo, pode-se não aceitar nem o nazismo e nem o liberalismo, mas ainda assim ser de centro-direita: fazendo oposição aos valores da esquerda, ou seja, defendendo o interesse privado e particular antes do interesse social (seja na esfera moral/jurídica ou econômica).
Enfim, esquerda e direita são discursos complexos. E a melhor forma para diferenciá-los didaticamente é pelos princípios:
1) A direita é tradicionalmente mais individualista (seja nos conservadores morais, seja nos liberais econômicos, seja nos fascistas brasileiros de 1970 ou nos nazistas alemães de 1940: a direita sempre admite uma hierarquia social: alguém é superior a alguém, quer pela moral, pelo dinheiro, pelo intelecto,
pela cor da pele, pelo poder bélico, pela heterossexualidade, pela nacionalidade, pela religião etc. A direita quer ser sempre mais ou menos aristocrática);
2) a esquerda é tradicionalmente mais coletivista (seja nos socialistas reformistas, seja nos revolucionários mundiais comunistas, seja nos anarquistas cristãos ou mesmo nos bolivarianos latino-americanos: a defesa da igualdade para todos é sempre o leitmotiv da esquerda: mesmo entre pessoas de moral diferente (imorais ou bandidos), condições econômicas diferentes (pobres e miseráveis), nível educacional diferente (analfabetos ou pessoas com necessidades especiais), etnias diferentes (negros, índios ou orientais), força armada diferente (mesmo os desarmados ou fracos), orientação sexual diferente (mesmo os homossexuais), país ou região diferentes (mesmo os nordestinos ou africanos), fé diferente (mesmo os ateus, budistas ou religiões afro) etc. A esquerda quer ser sempre mais ou menos democrática).
Ou seja, as ideologias de esquerda e direita podem ser panoramicamente diferenciadas assim. Mas é ainda mais complexo e teríamos que analisar ainda mais variáveis.
E o Nazismo, especificamente, em meio a esse quadro, era de extrema-direita. Mesmo sendo anti-liberal, o Nazismo era aristocrático, nacionalista, racista e homofóbico. Era uma ideologia extremista, nascida de um elitismo ariano, excludente de minorias e, como é óbvio: era absolutamente contra a esquerda comunista/igualitarista.
*Mestre em Comunicação (Unesp), graduado em Filosofia (USC).