Até meados da década de 1990 pouco se falava sobre sustentabilidade. Contudo, isso mudou graças à ascensão da temática nos últimos anos.
Impulsionada por questões como a escassez de recursos (materiais e energia) e a poluição gerada devida às atividades humanas, a sustentabilidade atualmente é tema não somente de interesse no meio científico, mas também entre a sociedade civil no mundo todo.
Afinal, você já deve ter escutado sobre o Aquecimento Global, certo? Destruição da camada de ozônio, desmatamento da floresta amazônica, chuva ácida, escassez hídrica, necessidade de desenvolvimento econômico com responsabilidade socioambiental, enfim, todos esses são exemplos de tópicos que hoje estão na mídia e que envolvem a temática de sustentabilidade de alguma forma.
Você sabe o que é ciclo de vida de produto e o que isso tem a ver com sustentabilidade?
Considere o jornal que você está lendo e tocando com as suas mãos. Você sabe como ele é produzido? Você sabe quais foram os materiais utilizados na sua produção?
Você sabe como é realizada a sua disposição final após o término da sua vida útil? Você sabe se esse papel será reciclado ou não, ou mesmo se a reciclagem em si é a melhor alternativa tecnológica existente para tratar o resíduo de papel?
Todas essas questões surgem justamente quando começamos a pensar ou a desenvolver um pensamento sobre o ciclo de vida dos produtos que compramos e que consumimos.
Acontece que todo produto (bem ou serviço) gera algum impacto negativo sobre o meio ambiente, não somente durante a etapa de sua fabricação, mas ao longo de todo o seu ciclo de vida, isto é, desde a extração dos recursos necessários para a sua concepção e produção, até a distribuição e o consumo do produto, e posteriormente, durante o pós-uso do mesmo.
Portanto, se desejarmos, de fato, incluirmos a sustentabilidade nas nossas atividades do dia a dia, temos que desenvolver uma visão sobre o Ciclo de Vida dos Produtos.
Apesar de parecer uma obviedade, a visão sobre o Ciclo de Vida dos Produtos só passou a ter maior destaque após o desenvolvimento da técnica de Avaliação do Ciclo de Vida (ACV), a qual permite uma avaliação quantitativa de todos os impactos ambientais e até mesmo sociais e econômicos que ocorrem ao longo do ciclo de vida de um produto.
Assim, voltando no exemplo sobre o papel de jornal, por meio de uma ACV é possível verificar onde ocorrem os seus principais impactos ambientais e qual é a sua escala de magnitude ao longo do seu ciclo de vida.
Desse modo, uma empresa hoje já pode calcular por meio da ACV qual será o impacto ambiental de um novo produto em desenvolvimento durante a sua fase de uso ou de pós-uso quanto ao Aquecimento Global, ou em relação aos impactos sobre a saúde humana, por exemplo.
Inclusive muitos produtos já têm sido desenvolvidos pensando-se na minimização de impactos (ambientais, sociais e econômicos) naquelas etapas do ciclo de vida onde forem mais significativos, permitindo assim uma produção e um consumo mais sustentáveis. Há algumas montadoras de veículos, por exemplo, que hoje já usam a ACV para projetar qual será o impacto ambiental de seus produtos na fase de uso, tendo em vista os materiais utilizados no projeto do veículo.
Também, alguns produtos na Europa já começaram a trazer em seus rótulos informações de caráter informativo aos clientes sobre o desempenho ambiental de seus produtos sob uma perspectiva de ciclo de vida de produto.
Num futuro próximo, o consumidor num supermercado ou numa loja, poderá ter informações e conhecer previamente qual é o impacto sobre a sustentabilidade daquele item que lhe interessa previamente ao ato da compra. Portanto, fique de olho nos rótulos dos produtos, pois logo, teremos condições plenas de orientarmos nosso consumo àqueles produtos, que de fato, sejam mais sustentáveis sob a visão de Ciclo de Vida de Produto.
*Professor do Centro de Ciências em Gestão e Tecnologia do câmpus Sorocaba da UFSCar