A recessão ficou para trás e agora é hora de trabalhar exaustivamente para que o crescimento econômico, em curso, se sustente ao longo dos anos. Projeções para o crescimento do Produto Interno Bruto brasileiro apontam para algo em torno de 2,5% a 3%, em termos reais. Isso equivale a um crescimento nominal, sem descontar a inflação, na casa dos 6% a 7% em 2018.

Além de voltar a crescer, a atual equipe econômica do Banco Central tem controlado com eficácia a inflação, remetendo a projeções abaixo da meta central do governo que é de 4,5% ao ano. Espaço aberto para juros básicos baixos, podendo virar o ano na casa dos 6,5% ao ano (atualmente é de 7% ao ano).

Juros básicos em queda forçarão em algum momento a queda dos juros praticados pelo sistema financeiro nacional. É inaceitável, por mais elevado que seja o risco de calote, que os intermediários financeiros pratiquem juros exorbitantes como é a realidade brasileira. Em algum momento o volume de empréstimos superará a ganância por juros altos. Juros menores estimulam o consumo das famílias e o próprio investimento do setor privado.

Considerando que o setor externo brasileiro vai muito bem obrigado (em 2017 obteve um dos maiores superávits comerciais da série histórica), é possível sim projetar bom desempenho econômico.

Mas nem tudo são flores. O orçamento da União projeta resultado negativo em R$ 157 bilhões e o setor público foi incapaz de levar em frente as reformas, principalmente a previdenciária.

No curto prazo não há grande impacto à medida que os buracos nas contas públicas de certa maneira já estão precificados, mas há muita dúvida quanto a sustentação do crescimento ao longo do tempo.

Haverá sempre o risco de rebaixamento da nota de risco do País e se lá na frente o Brasil não se tornará insolvente. Isso precisará ser enfrentado mais certo ou mais tarde, portanto, que seja logo.

Também será um ano de copa do mundo de futebol. De um lado há movimentação de alguns setores ligados a este grande evento, de outro lado, em função da paixão dos brasileiros pelo futebol, a produtividade geral poderá cair.

E temos ainda as eleições presidenciais (além das eleições para o Senado Federal, Câmara Federal, Governo do Estado e Assembleias Legislativas), por sinal, as eleições, notadamente para presidente da República, podem representar grande oscilação no ânimo dos agentes econômicos. Compartilho da percepção de que, se houver polarização entre candidatos populistas e reformistas, dependendo da posição de cada um, o abalo na economia será mais ou menos sentido.

Longe de imaginar que a economia brasileira não seja robusta o suficiente para superar qualquer evento político, mas sem dúvida a confiança dos investidores dependerá principalmente de qual modelo econômico será praticado no Brasil: o que implementa reformas, tornando o Estado mais leve, ágil e mais eficiente, inclusive na gestão de seus recursos, ou um Estado interventor, centralizador, utilizando a exaustão os recursos públicos.

Quem se aprofunda na leitura do desempenho econômico brasileiro é conhecedor dos desequilíbrios causados por um Estado que não é capaz de equilibrar suas contas: estagflação (recessão, inflação alta e desemprego) e isso ocorreu recentemente, portanto, este passado nos condena e assusta. Seria um grande retrocesso imaginar um modelo econômico nestes moldes.

Diante deste cenário, o indicativo é: o País crescerá, a inflação estará controlada, mas a recuperação será lenta e setorizada. Centros urbanos, que dependem mais do desempenho tanto da indústria como do comércio e serviços, sentirão os reflexos da retomada da economia de maneira mais lenta, com isso, o desemprego diminuirá muito lentamente, deixando a sensação de que o pior ainda não passou.

Como a geração de riqueza no Brasil está no nível de 5 anos atrás, é evidente que há um longo caminho a ser trilhado. Como toda caminhada tem um início, o fim da recessão de 2017 abriu espaço para projeção de crescimento para este ano, e, se nada de anormal ocorrer, entre 2020 e 2021 recuperaremos o tempo perdido. Independentemente da divergência de algumas projeções, uma coisa é certa: o País não suportará mais aventuras no campo econômico.

*Economista