Vivemos procurando o prazer (felicidade) e fugindo da dor (tristeza). Há divergências quanto a essa sina, mas não importa. O fato é que é legítimo qualquer um buscar o que mais o apraz na vida, enquanto perpetua a espécie.
Nessa longa estrada da vida, vamos correndo e achamos que não podemos parar. Então, às vezes, atropelamos quem está à frente. Somos afoitos, fazemos o que nos mandam o tempo todo. E, de fato, não é fácil nos libertarmos do modo de vida ao qual somos condicionados.
Mas vale tentar, ainda que seja para sermos um pouco menos bitolados e nos livremos ao menos de regras que deveriam ter ficado no Museu de História Natural de Nova Iorque. Tudo bem que temos apenas 17 anos desta nova centena de anos. Então, dá tempo. É só querer.
Mas por falar em séculos e tempos, a minha geração (Baby Boomer – nascidos entre 1945 e 1965) e, principalmente, as gerações seguintes, X (de 65 a 1985), Y (de 85 a 2000) e Z (de 2000 a 2017), terão mais tempo para fazer escolhas pessoais e coletivas, estas que vão desde o governo que queremos até a forma como vamos salvar o Planeta do colapso.
Os idosos de outrora, que detinham esse rótulo (idoso) a partir dos 45, hoje têm de chegar aos 75 para serem chamados assim. Por sinal, o portal UOL publicou uma matéria com o título desta crônica, ou seja, os cinquentões são os novos trintões. Até recentemente, fazer 30 anos era o marco inaugural da plenitude da vida adulta. Gerava queixas e dilemas, que nos digam as que eram chamadas de balzaquianas. Isso mudou.
A expressão balzaquiana surgiu após a publicação do livro ‘A Mulher de Trinta Anos’, em 1831, do escritor francês Honoré de Balzac, que referia-se às mulheres com idade na casa dos 30. Na obra, ele faz uma apologia às mulheres de mais idade que, emocionalmente amadurecidas, podiam viver o amor com maior plenitude – em completa oposição à figura da moça romântica que nos livros de então tinham 20 anos. Portanto, vê-se que a definição foi desvirtuada ao longo do tempo, transmutando-se para mulher envelhecida. Por isso o termo ganhou conotação pejorativa.
Mas, valendo-nos do significado original, é possível dizer que as mulheres de 30 no século 19 podem ser as de 40 e 50 hoje, não apenas do ponto de vista emocional, mas físico, inclusive.
Não que as de 30 de hoje não possam ter maturidade emocional, mas num mundo com tanta informação e conhecimento a se adquirir, aos 50 é mais provável que alcancemos a maturidade nestes tempos bem mais complexos e desafiadores.
A matéria do UOL foca mais a preservação da beleza corporal e cita mulheres de destaque como as atrizes Carolina Ferraz e Patrícia Arquete e a cantora Celine Dion, entre outras. Eu poderia citar mulheres de minha convivência que chegaram aos 50 muito bem em todos os sentidos. Mas as aborreceria por revelar sua idade não aparente. Ou não, se considerarmos que 5 décadas trazem sabedoria. E esse negócio de esconder a idade é uma tremenda bobagem.
E tudo isso, espero, deve valer para os homens também, apesar de estarmos atrasados em muitos quesitos na evolução da espécie em relação às nossas companheiras de jornada. Não é preciso teorizar muito para provar, basta lançar o olhar numa sala de aula, onde as meninas querem estudar e os meninos tentam implodir a escola para comprovar sua masculinidade. Há exceções em ambos os lados, claro, mas em geral o homem, desde cedo, é impelido, talvez pela própria natureza, a buscar o poder à base de força física e não mental.
A situação alegórica do parágrafo anterior mostra que as mulheres crescem primeiro. Pesquisas científicas já provaram que o processo de amadurecimento nas mulheres começa aos 10 anos. Nos homens, aos 20. Vixe, precisamos correr, turma da cueca…
Por isso, mulheres, entendam nosso jeito primitivo de ser. Vamos melhorar, mas até lá, para evitar tantos conflitos, nos ajudem com sua capacidade de entender o que é relevante na vida. Nossa necessidade de lutar pelo poder, imposta pela ancestralidade, nos faz brutos e burros demais.
Muitas mulheres já entenderam como lidar com a situação e, por isso, estão no controle
*Articulista-Jornal da Cidade-Bauru