Uma comissão de clubes do futebol brasileiro entrou ontem (17), em um consenso sobre as propostas feitas por jogadores do movimento Bom Senso FC. Durante uma reunião realizada na sede da CBF, presidentes de quatro times admitiram rever o calendário do futebol nacional e acataram punições para quem atrasar pagamento de dívidas e salários de atletas –o fair play financeiro.
“A reivindicação dos atletas é a dos clubes”, resumiu o presidente do Coritiba, Vilson Ribeiro de Andrade, ao deixar a CBF após quase duas horas de conversas lideradas pela vice-presidente da entidade, Marco Polo Del Nero. Além do presidente do Coritiba, estiveram na reunião os presidentes do Flamengo, Internacional e Vitória. Eram esperadas as presenças de dirigentes do Atlético-MG e do Fluminense, mas eles não compareceram ao encontro por problemas de agenda.
Vilson, do Coritiba, considerou a conversa muito boa. Disse que as reivindicações sobre o calendário do futebol são justas. Para que elas sejam postas em prática, basta saber o que pode ser feito já em 2014 e o que só seria possível em 2015. “Temos que entender que 2014 é um ano excepcional”, afirmou. “Temos uma Copa do Mundo. Os jogos ficarão 40 dias parados.”
Luigi e Vilson afirmaram que a decisão final sobre o calendário deve ser tomada na semana que vem, quando a CBF deve convocar clubes e atletas para discutirem juntos a questão. O presidente do Coritiba ressaltou que, no próximo encontro, o sindicato dos jogadores também será chamado a compor a mesa. “O Bom Senso FC só representa um grupo de jogadores”, disse. “Queremos uma entidade representativa.”
Nesta reunião, também devem ser discutidos detalhes do chamado fair play financeiro e trabalhista. Por ele, clubes que não estiverem em dias com os pagamentos de suas dívidas, salários e outros compromissos poderiam ser impedidos de participar de competições ou mesmo perder pontos em campeonatos.
Bandeira de Mello, presidente do Flamengo, afirmou que a ideia é estender o prazo de pagamento dos débitos tributários dos clubes. As agremiações não teriam nenhum desconto ou perdão de suas dívidas. Para ganhar um novo prazo, entretanto, teriam de comprometer uma parte do seu faturamento com o pagamento dos débitos. “Esse é um caminho para um projeto de moralização do futebol”, afirmou Bandeira. “Seria como uma Lei de Responsabilidade Fiscal do clube.”
O alongamento dos prazos, apesar de ser consenso entre os clubes, teria de ser aprovado em um nova lei federal. Em caso de consenso entre clubes, atletas e CBF, um projeto seria encaminhado ao governo.