O resultado histórico da seleção feminina de handebol, que se classificou nesta sexta-feira para a decisão do Mundial na Sérvia, pode parecer surpresa para a grande maioria das pessoas. Para os envolvidos, porém, não é. Em 2009, quando a CBHb (Confederação Brasileira de Handebol) contratou o técnico Morten Soubak para dirigir a equipe, o objetivo era claro: chegar ao pódio em 2013.

A meta quase foi ‘antecipada’ dois anos antes, no Mundial disputado em São Paulo. Uma derrota para a Espanha, nas quartas de final, mostrou que o time ainda não estava preparado para chegar tão longe. Assim como nos Jogos Olímpicos de Londres, quando terminou na sexta colocação, sendo derrotado, de novo, nas quartas – desta vez pela Noruega, que sagraria-se campeã. 

Desde que o dinamarquês assumiu o comando da seleção, muita coisa mudou. Em quadra e nos bastidores. A começar pelo investimento, que cresceu com ajuda de patrocinadores ao longo dos últimos anos, e chegou neste ano ao maior aporte financeiro de sua história – R$ 13,4 milhões em receitas fixas anuais, contando Banco do Brasil, Correios e Lei Piva, fora aportes extras do governo federal. 

“Nova rica”, a Confederação Brasileira firmou há cerca de dois anos um convênio com um time austríaco, o Hypo Nö, e levou oito das jogadoras que defendem a seleção para atuar no time europeu e em uma das melhores ligas do mundo. Tudo parte de um planejamento visando ao Mundial da Sérvia e os Jogos Olímpicos do Rio, em 2016. Mais recentemente, até Morten Soubak foi levado para a equipe austríaca, e agora dirige suas comandadas na seleção.

Um dos primeiros frutos colhidos, além dos bons resultados em 2011 e 2012, veio com uma premiação individual. Alexandra Nascimento, artilheira do time no Mundial neste ano (48 gols), foi eleita no ano passado a melhor jogadora de handebol do mundo, mesmo sem ter conquistado títulos importantes. Neste ano existe a possibilidade de ela conquistar o bicampeonato.

“Estamos imensamente felizes. Mas, acima de tudo orgulhosos desse jogo e de todo o campeonato. Para nós, já era uma grande coisa estar na semifinal e ainda mais na final. Esse  é um grande passo para o handebol brasileiro.  É sensacional termos uma equipe brasileira na final do Mundial. Ainda não estou acreditando”, comemorou Morten Soubak.

“Mais uma vez dou parabéns para as meninas pela dedicação, disciplina e pelo apoio que dão umas às outras. Em alguns momentos não conseguimos fazer gols, mas conseguimos defender. A palavra chave foi defender. Estamos melhorando muito nesse aspecto nos últimos anos”, completou o dinamarquês. 

A decisão do Mundial coroa a evolução da equipe brasileira feminina nos últimos dez anos é evidente. No Mundial de 2003, o time foi apenas o 20º colocado na Croácia. Já na competição de 2011, no Brasil, foi o quinto. Nas Olimpíadas de Londres, em 2012, a seleção ainda conseguiu uma sexta colocação, seu melhor resultado da história.
 
O Brasil chega à decisão do Mundial como a única equipe sem derrotas na competição. Além disso, o Brasil, que é apenas o 22º no ranking, ainda tem em seu histórico vitórias sobre grandes seleções como Hungria (3ª), Sérvia (7ª) e Holanda (16ª). A briga pela medalha de ouro será contra as sérvias, donas da casa, neste domingo, às 14h15 (de Brasília).