O sul-africano Oscar Pistorius pediu desculpas pela morte da ex-namorada, Reeva Steenkamp, durante o longo julgamento que tem enfrentado após seu assassinato. Nesta segunda-feira, o campeão paraolímpico de atletismo prestou depoimento e, na audiência, dirigiu-se à mãe de Reeva para se desculpar e afirmou que tem sofrido com pesadelos e mal consegue dormir depois do ocorrido.
“Não há um momento desde que essa tragédia aconteceu que eu não pense em sua família. Eu acordo todas as manhãs e vocês são as primeiras pessoas que me vem à mente, as primeiras para quem rezo. Não posso imaginar a dor e sofrimento e o vazio que eu causei a você e sua família”, disse Pistorius.
Com a voz trêmula, ele adicionou: “Eu estava simplesmente tentando proteger Reeva. Posso prometer que ela foi para a cama naquela noite se sentindo amada. Eu tentei colocar isso em palavras no papel muitas vezes e lhe escrever uma carta. Mas as palavras não são suficientes.”
“Eu estou com muito medo de dormir, eu tenho pesadelos horríveis. Posso sentir o cheiro de sangue e acordo aterrorizado”, completou Pistorius, que ainda prometeu nunca mais colocar as mãos em uma arma – um hábito de velha data e que havia causado polêmicas anteriores para o astro paraolímpico.
A defesa de Pistorius buscou sensibilizar os presentes ao perguntar ao campeão paraolímpico sobre sua infância e as dificuldades que enfrentou após ter amputado ambas as pernas com apenas 11 meses de idade.
Pistorius contou que nunca se sentiu vulnerável por ser amputado, apesar da mobilidade reduzida. Ainda falou ter sido incentivado pelos pais desde crianças a praticar esportes e “ficar em pé por si mesmo”.
O atleta contou que, quando era criança, sua mãe tinha medo de intrusos e que guardava uma arma debaixo do travesseiro. Isto porque a família morava em um bairro perigoso de Johannesburgo, onde invasões de casas eram comuns.
Durante seu depoimento, Pistorius ainda falou da importância da mãe em sua vida e sobre seu desempenho como atleta profissional. Citou sua histórica participação na Olimpíada de Londres-2012 e sobre o desapontamento de não ter se classificado para os Jogos de Pequim-2008.
Pistorius também contou sobre o hábito de tirar suas próteses durante a noite, para “deixar os tocos respirarem”. O campeão paraolímpico ainda citou que, em longas viagens, enfrenta problemas como coágulos e infecções na área onde ocorreu a amputação.
Questionado se teria equilíbrio sem as próteses, Pistorius afirmou que precisa se segurar em algo ou estar em constante movimento para não cair. “Meu cachorro poderia me derrubar”.
No término da primeira parte do depoimento, o atleta descreveu um acidente de barco em 2009, no qual foi atingido no rosto por uma hélice e foi internado em coma induzido. “Estava praticamente me afogando no sangue de meu ferimento na cabeça”, disse Pistorius.
“Isso teve um grande impacto sobre mim. Fiquei com medo, mais retraído. Quase perdi minha vida”, afirmou o atleta, ressaltando ter se tornado mais precavido com sua segurança pessoal e passado a ficar próximo das próteses todo o tempo.